Paciente diz que chorou durante consulta com ginecologista suspeito de abusos
Vítima procurou a Delegacia da Mulher de Anápolis (GO) depois da segunda prisão do médico. Total de vítimas ouvidas pela polícia chega a 54
atualizado
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Goiânia – A última pessoa que procurou a Delegacia da Mulher de Anápolis, em Goiás, para denunciar o ginecologista e obstetra Nicodemos Junior Estanislau Morais, de 41 anos, relatou que chegou a chorar quando foi abusada sexualmente durante uma consulta médica.
Essa vítima procurou a delegacia na última sexta-feira (8/10), no mesmo dia que o médico foi preso pela segunda vez por suspeita de violação sexual mediante fraude, ou seja, ele teria usado da sua atividade profissional para abusar de vítimas. Até o momento, 54 mulheres já procuram a polícia, segundo a delegada responsável pelo caso, Isabella Joy.
Manipulação
A investigadora detalhou essa última denúncia para o portal G1 Goiás. O caso aconteceu em 2018, a vítima não tinha o útero e o médico teria começado a manipular seu órgão sexual durante o exame de toque.
“Ela ficou paralisada na hora e começou a chorar no consultório. Ele, então, encerrou o exame. Até hoje essa mulher faz tratamento contra depressão e síndrome do pânico”, contou a delegada.
Isabella disse ao Metrópoles que deve encerrar o inquérito de Anápolis nesta semana. O prazo para a conclusão é até sexta-feira (15/10). Também há um inquérito em Abadiânia, a 90 quilômetros de Goiânia, onde quatro vítimas denunciaram que foram abusadas pelo profissional em uma clínica da cidade.
Investigação
Nicodemos segue preso em uma cela especial do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital de Goiás. Ele foi preso pela primeira vez no dia 29/9, após denúncias de três pacientes de Anápolis. Em um dos casos, ele teria feito a vítima tocar em seu pênis, durante um procedimento médico.
O médico tem uma condenação em primeira instância por importunação sexual de dezembro de 2020. Nesse caso, a vítima teria sido abusada durante uma consulta no Samambaia (DF) em 2018. A pena não previa prisão. Uma outra mulher o denunciou no Paraná, mas o caso foi arquivado.
Nicodemos continua interditado pelo Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), enquanto ele está sendo investigado em procedimento interno. Ele está proibido de exercer a medicina em todo o território nacional. Ele também foi interditado pelo conselho de medicina do Distrito Federal.
A defesa do médico entrou com um novo pedido de soltura nesta quarta-feira (13/10). A defesa tem dito que as denúncias feitas contra o profissional têm relação com o “simples exercício profissional”. “O médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”, diz nota assinada pelo advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins.