“Não fazia ideia do bem simbólico”, diz pichadora do “Perdeu, mané”
Ré por cinco crimes no Supremo Tribiunal Federal (STF), a cabeleireira Débora, do “Perdeu, mané”, pediu perdão em depoimento à Justiça
atualizado
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Em depoimento à Justiça, Débora Rodrigues dos Santos, presa por ter pichado a estátua “A Justiça”, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, afirmou que “não fazia ideia do bem simbólico daquela estátua”.
Ré pelos mesmos cinco crimes que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responde no Supremo, a cabeleireira declarou ser uma “cidadã de bem” e disse que não imaginava que os atos de 8/1 seriam tão conturbados, apesar de ter viajado de São Paulo (SP) a Brasília por vontade própria. Veja vídeo em que ela pede perdão:
A baiana mora em Paulínia, interior de São Paulo, viajou ao Distrito Federal em 7 de janeiro, permaneceu no Quartel-General do Exército e, no dia seguinte, foi à Praça dos Três Poderes, onde pichou “Perdeu, mané” na estátua com batom vermelho e comemorou o ato diante da multidão.
“Quando eu me deparei lá em Brasília, lá no movimento, não fazia ideia do bem financeiro e do bem simbólico daquela estátua. Quando estava lá, já tinha uma pessoa fazendo pichação. E faltou um pouco de malícia da minha parte, porque ele começou a escrita e falou assim: ‘Eu tenho a letra muito feia, moça. Você pode me ajudar a escrever?’. E eu continuei fazendo a escrita da frase dita pelo ministro Barroso”, explicou.
Ao fim, Débora relatou ser mãe e que nunca havia se afastado dos filhos, destacando que a separação da família tem sido difícil. “Só queria que soubesse disso, excelência, porque isso tem feito minha família sofrer demais. Me desculpa”, completou.
Pedido de vista
O julgamento do caso de Débora está suspenso por decisão do ministro Luiz Fux. Agora, o processo fica travado, e Fux tem até 90 dias para devolver o caso à Primeira Turma do STF, onde está sendo analisado.
Relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes votou para que ela seja condenada a 14 anos, sendo 12 anos e seis meses em regime fechado. O ministro Flávio Dino acompanhou o voto.
Ao justificar o pedido de vista, Fux afirmou que fará uma revisão da dosimetria da pena e que precisa analisar o caso com mais cautela, apesar da sensibilidade do relator.
“O magistrado a faz à luz de sua sensibilidade, de seu sentimento, em cada caso concreto. E o ministro Alexandre explicitou a conduta de cada uma das pessoas. E eu, confesso, em determinadas ocasiões, me deparo com pena exacerbada. E foi por essa razão, dando satisfação a Vossa Excelência, que eu pedi vista desse caso, porque quero analisar o contexto em que essa senhora se encontrava”, disse Fux ao explicar os motivos de vista do caso, durante julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.