Não cumpriu lockdown: coach resgatado na serra responde a ação no MPT

Resgatado de montanha depois de expedição classificada pelos bombeiros como “irresponsável”, o coach Pablo Marçal responde a processo no Ministério Público do Trabalho (MPT) por não seguir normas sanitárias de prevenção a pandemia da Covid-19.

De acordo com denúncias anônimas recebidas pelo MPT em janeiro de 2021, nas dependências da Plataforma Internacional, ligada a Marçal e sediada em Barueri (SP), máscaras não eram utilizadas. A instituição também não seguia as legislações impostas sobre lockdown e restrição de atividades durante a pandemia.

Marçal estaria expondo a vida dos funcionários a risco de infecção pela Covid-19 e a empresa não seguia os protocolos sanitários vigentes. Na sentença da 3ª Vara do Trabalho de Barueri, a adoção de medidas de proteção foi recomendada e o risco observado de infecção existia “na quase totalidade das atividades laborais”.

O empresário recorreu da decisão. O processo ainda está correndo. O Metrópoles não conseguiu contato com o coach para falar a respeito o caso.

Até 3 mil por curso

Pablo Marçal é casado e tem quatro filhos. Ele nasceu em Goiânia (GO), onde viveu parte da vida, e tem 34 anos. Antes de se aventurar pelo marketing digital e pela carreira de coach, foi funcionário de uma empresa de telefonia e consultor empresarial. Atualmente vive em São Paulo com a família.

Ele vende cursos (um deles chega a beirar o custo de R$ 3 mil) e promete, com discursos religiosos e frases de motivação, “destravar códigos da prosperidade e do governo da alma”. Nas redes, o autoentitulado “mentor de coachs” compartilha vídeos em viagens frequentes e jatinhos particulares.

“Enquanto a média está indo para a esquerda, você e os extraordinários estão indo para a direita”, diz outra parte do site. Marçal promete o crescimento de “dez anos em um” em curso que promete grandes evoluções pessoais, como “ar o Kayros” (noção de tempo não linear), evoluir de empresário para investidor, aprender uma nova língua, deixar de sofrer com preguiça, entre outras.

Relembre o caso

Um grupo de 32 turistas foi notícia na quinta-feira (6/1), após mobilizar o Corpo de Bombeiros de São Paulo para uma operação de resgate no Pico do Marins. Stories no Instagram, feitos pelo tenente Pedro Aihara, do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, viralizaram logo depois do incidente, pelo tom de indignação do oficial com a atitude do coach que liderava as pessoas na aventura considerada perigosa.

“Um ‘coach’ irresponsável fanfarrão coloca 60 pessoas para subir o Pico do Marins debaixo de chuva. Sem conhecimento técnico, sem e adequado, sem estrutura, porque, segundo ele, ‘é tudo emocional’. PS: respeito profundamente quem exerce adequadamente a profissão de coach, que definitivamente não é o caso desse indivíduo”, comentou o militar.