MPF diz que foto de barco dos acusados motivou mortes de Bruno e Dom
Ministério Público Federal denunciou três acusados de matar a tiros o jornalista Dom Phillips e o jornalista Bruno Pereira no Amazonas
atualizado
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Ao encaminhar a denúncia à Justiça contra três acusados de matarem o jornalista britânico Dom Phillips, 57 anos, e o indigenista Bruno Pereira, 41, o Ministério Público Federal (MPF) diz que a motivação do crime foi uma foto do barco dos acusados.
“O que motivou os assassinatos foi o fato de Bruno ter pedido para Dom fotografar o barco dos acusados, o que é classificado pelo MPF [Ministério Público] como motivo fútil e pode agravar a pena”, diz o relatório do MPF.
O MPF denunciou, nessa quinta-feira (21/7), três acusados pelos asssassinatos ocorridos na região do Amazonas. São eles: Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado; Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Dantos, que é irmão de Pelado; e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha. Se condenados, eles responderão por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O trio já está preso.
O crime aconteceu em junho, quando Dom e Bruno viajavam pelo Vale do Javari, no Amazonas, realizando entrevistas com a comunidade indígena da região.
Na denúncia, apresentada ao juízo da Subseção Judiciária Federal de Tabatinga (AM), onde o processo tramita em segredo de Justiça, o MPF se embasou nas confissões de Amarildo e Jefferson, enquanto Oseney teve a participação comprovada por depoimentos de testemunhas. O documento ainda expõe prints de conversas e cita os resultados de laudos periciais, com a análise dos corpos e objetos encontrados pelos investigadores.
O MPF destaca que a forma utilizada para ass Bruno, com um tiro nas costas, também é um fator qualificador, já que a vítima não teve nenhuma possibilidade de defesa.
Entenda
Phillips e Pereira desapareceram em 5 de junho, no fim de um curto trajeto pelo rio Itaquaí. Pereira acompanhava Phillips em viagem de reportagem para um livro sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, mas o barco não chegou a Atalaia do Norte, conforme programado.
O desaparecimento foi comunicado às autoridades e à imprensa pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Lideranças indígenas atuaram nas buscas ao lado das autoridades.
O exame médico-legal, realizado pelos peritos da PF, indicou que a morte de Dom Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com munição típica de caça. Foram identificados “múltiplos balins” (múltiplos projéteis de arma de fogo), ocasionando lesões na região abdominal e torácica. Ele foi atingido com um tiro.
A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”.