Mandetta diz que Bolsonaro “exonerou a ciência” ao demiti-lo
Ex-ministro afirmou que não levou a demissão como pessoal, pois o presidente bateu de frente com as evidências científicas, e não com ele
atualizado
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O ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta disse, nesse domingo (26/04), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “exonerou a ciência” ao demiti-lo do cargo, após desentendimentos sobre as medidas de contenção do novo coronavírus. A declaração foi dada durante uma live, organizada pelo Movimento Brasil Livre (MBL).
O ex-titular do Ministério da Saúde afirmou, ainda, que não levou a exoneração como pessoal, pois o mandatário do país bateu de frente com as evidências científicas, e não com ele. “[Bolsonaro] resolveu substituir o ministro, não o Luiz Henrique Mandetta, mas acho que ele exonerou ali a ciência, que nós estávamos tentando seguir”, enfatizou.
“A meu ver, em um determinado momento, ele entendeu que as implicações econômicas seriam deletérias, mais duras, para as pessoas do que as implicações de saúde. Aí, ele começou a tomar uma série de atitudes públicas que se chocavam com a maneira como o Ministério da Saúde estava se conduzindo”, pontuou o ex-ministro.
Os desentendimentos entre o Chefe do Executivo e o então titular da Saúde tiveram início com as divergências de opiniões sobre o isolamento social. Enquanto Mandetta recomendava que a população seguisse as medidas de prevenção impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Bolsonaro tentava flexibilizar o confinamento – chegou, inclusive, a fazer campanha pela reabertura do comércio.
“Nós fizemos o nosso ministério em cima de três pilares no coronavírus: uma defesa intransigente da vida, uma defesa intransigente do SUS e uma defesa intransigente da ciência. O comportamento do presidente bateu de frente com a ciência, com o SUS e com a vida. Aí, ficou impossível, porque eu não podia sair das minhas prerrogativas e ele não podia sair das dele”, comentou.
Com o agrave da situação, a demissão do médico foi feita pelo Twitter e, no lugar de Mandetta, assumiu o oncologista Nelson Teich.