Lideranças indígenas querem mais protagonismo nas negociações da COP30
Levantamento do MapBiomas mostra que as terras indígenas são as que mais preservação a vegetação nativa
atualizado
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As lideranças indígenas cobram mais protagonismo nas negociações da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025, em Belém, no Pará. O objetivo é levar para o centro das discussões a importância dos territórios ancestrais para conter a crise climática, além do compartilhamento de saberes tradicionais.
Indígenas no Brasil
- Nesse sábado (19/4) foi celebrado o Dia Nacional dos Povos Indígenas, quando os povos originários reforçam a diversidade cultural e a importância da preservação da cultura ancestral.
- Segundo o IBGE, o Brasil possui 1.693.535 pessoas indígenas, com 689.532 vivendo dentro das terras indígenas, sendo mais de 300 etnias diferentes.
- Com a proximidade da COP, as lideranças cobram mais protagonismo na conferência que irá reunir chefes de Estado e a sociedade civil se reúnem para discutir compromissos para enfrentar o avanço das mudanças climáticas.
- A COP30 deverá abordar a regulamentação do mercado de carbono e o financiamento climático para países em desenvolvimento.
Para isso, foi lançada a Comissão Internacional Indígena para a COP30, durante o Acampamento Terra Livre (ATL) de 2025, com a expectativa de credenciar mais de mil lideranças indígenas para participar das discussões. A principal bandeira será a importância da demarcação de terras como uma saída da degradação ambiental.
“Demandamos a retomada imediata das demarcações de todas as terras indígenas no Brasil, como uma política climática efetiva, e o financiamento direto para a proteção integral dos nossos territórios e nossos modos de vida”, diz trecho da carta apresentada ao final do ATL.
A comissão será presidida pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. “Nós sempre lutamos para que os povos indígenas estivessem no centro desse debate. E nós lutamos para que os povos indígenas estejam como parte importante dessa discussão porque, comprovadamente, os territórios indígenas funcionam como essa barreira contra o avanço das monoculturas, mineração e agronegócio”, disse a ministra durante o ATL.
O acampamento acontece todos os anos em Brasília. Em 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a ser convidado para participar do evento, no entanto, não compareceu e também não recebeu nenhuma liderança indígena durante o período da mobilização, entre 7 e 11 de abril.
Como parte da estratégia para incluir os direitos indígenas na pauta da COP30, lideranças planejam uma “pré-COP indígena”, no início de junho, em Brasília. A expectativa é que o encontro conte com a participação do presidente da conferência, embaixador André Corrêa do Lago.
De acordo com Alana Manchineri, assessora internacional da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o evento ocorrerá às vésperas da Conferência de Bonn sobre Mudança Climática, marcada para 16 a 26 de junho, na Alemanha, onde devem ser definidos os textos que serão apresentados nas negociações da COP.
“A gente vai dialogar sobre quais são os rumos, o que está em jogo, como a gente pode influenciar, definir estratégias”, esclarece.
Na esteira da agenda internacional, a organização tem trabalhado na formação de indígenas diplomatas para contribuir nas negociações.
Preservação ambiental
As terras indígenas são as áreas com menor índice de degradação vegetal entre 1985 e 2023, conforme mostrou um levantamento divulgado pelo MapBiomas no ano ado. Durante o período analisado, os territórios originários perderam apenas 1% de sua vegetação nativa. Já as áreas privadas, no mesmo período, perderam 28% da vegetação nativa.
Ainda de acordo com o MapBiomas, as terras indígenas são responsáveis por 19% da vegetação nativa de todo o país, com uma extensão de 112 milhões de hectares (ha).