Para Marco Aurélio, indulto natalino é “uma tradição” no Brasil
Ministro do STF comentou notícia de que o presidente Michel Temer deve conceder benefício aos presos neste ano
atualizado
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No dia seguinte à notícia de que o presidente Michel Temer deve conceder o indulto natalino neste ano, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, reforçou, nesta quarta-feira (26/12), que o instrumento é tradicional no país. Um dos presos que poderia se beneficiar da medida é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Lava Jato a mais de 12 anos de prisão.
“O indulto é uma tradição no Brasil e eu não sei por que nós não concluímos o julgamento da Adin [ação direta de inconstitucionalidade] que impugnou o anterior, de 2017. Agora precisamos pensar nas verdadeiras as de pressão que são as penitenciárias brasileiras”, afirmou, quando questionado por jornalistas na saída do velório do advogado Sigmaringa Seixas. O ministro lamentou a morte do amigo, que negou diversos convites para virar ministro da Suprema Corte. “Ele dizia simplesmente que não estava à altura, e estava”.
Mais cedo, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que o presidente ainda não havia tomado a decisão a respeito do indulto. “A hipótese está sob exame”, se limitou a dizer.
Em 29 de novembro, o Supremo iniciou o julgamento da validade do decreto editado no ano ado por Temer, mas a votação foi interrompida após pedido de vista do ministro Luiz Fux. Marco Aurélio foi um dos seis que votaram a favor da medida, contra os ministros Luiz Edson Fachin e Luis Roberto Barroso.
O presidente do STF, Dias Toffoli, também compareceu ao velório de Sigmaringa, na manhã desta quarta-feira (26). Ele e o colega de Corte não se encontraram, já que Marco Aurélio compareceu horas depois. Os dois protagonizaram uma polêmica na semana ada, no último dia antes do recesso do Judiciário.
Na semana ada, Marco Aurélio determinou a soltura de presos após a segunda instância, alegando inconstitucionalidade. A medida poderia favorecer o ex-presidente Lula, cuja sentença foi confirmada neste ano pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
A decisão do ministro surpreendeu seus colegas. Horas depois, o presidente do STF suspendeu, também monocraticamente, a liminar de Marco Aurélio. O julgamento para a análise do mérito está marcado para acontecer em 10 de abril.