Boulos e mais dois viram réus em caso de invasão ao tríplex no Guarujá
Os réus, todos participantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, são acusados de entrar no apartamento em 2018, época da prisão de Lula
atualizado
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A Justiça Federal recebeu a denúncia contra Guilherme Boulos (PSol) e mais duas pessoas. Eles são acusados de invasão ao tríplex do Guarujá, em São Paulo. Agora, o político é réu por causa do ato, ocorrido em abril de 2018, como protesto à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A decisão de receber a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi tomada pela juíza Lisa Taubemblatt, da 6ª Vara Federal de Santos (SP).
Em despacho publicado nessa quinta-feira (25/2), Taubemblatt afirma que a acusação do Ministério Público “veio acompanhada de peças informativas que demonstram a existência de justa causa para a persecução penal”.
Ela ainda deu 10 dias para que Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), e os outros dois réus – Anderson Dalecio e Andreia Barbosa da Silva, ambos do MTST – oferecerem resposta à acusação por escrito.
Segundo o MPF, eles teriam cometido o crime de “destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção”, como indica o artigo 346 do Código Penal. A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão, além de multa.
Uma quarta pessoa foi absolvida sumariamente porque conseguiu comprovar que não estava no Guarujá no dia da invasão ao tríplex.
Em nota divulgada à imprensa, a equipe de Guilherme Boulos afirma que a denúncia do MPF é a “nova farsa do triplex”. Diz, ainda, que considera a denúncia “absurda, e que a decisão, por ser inconsistente, certamente será revista”.
Veja a nota na íntegra:
“Fomos informados na noite de quinta-feira [25] sobre o recebimento da acusação apresentada pelo Ministério Público Federal contra Guilherme Boulos e outros dois militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto pela Justiça Federal.
Para Boulos, a acusação feita pelo MPF é a nova farsa do triplex. A decisão de agora mostra, mais uma vez, a Justiça Federal sendo conivente com as atrocidades promovidas no âmbito da Lava Jato, que estão novamente em evidência com a divulgação de mais conversas comprometedoras entre procuradores.
Os advogados que acompanham o caso consideram a denúncia absurda e afirmam que a decisão, por ser inconsistente, certamente será revista. Há certeza de que Boulos não praticou nenhum crime e também convicção da inocência dos militantes do MTST, já expressa na recusa, por reiteradas vezes, de ofertas de acordo do Ministério Público e no pedido de julgamento antecipado do caso – que não foi atendido”.
Entenda
O protesto do MTST aconteceu nove dias após o ex-presidente Lula se entregar para a Polícia Federal em São Bernardo do Campo (SP) e ser encaminhado para Curitiba (PR). Cerca de 50 pessoas ocuparam o imóvel.
Os manifestantes só desocuparam o apartamento após negociação com a Polícia Militar. A ocupação durou cerca de quatro horas.