Jovem é morta pelo marido durante visita íntima em CDP de Jundiaí
“Troquei a minha vida pela sua”, disse Nicolly sobre Michael, em um post na rede social Facebook
atualizado
Compartilhar notícia

Uma jovem de 22 anos foi assassinada pelo marido durante visita íntima, nesse domingo (27), dentro do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Jundiaí, interior de São Paulo. A mulher, Nicolly Guimarães Sapucci, foi derrubada do beliche e agredida com vários chutes no rosto.
À polícia, o agressor assumiu o crime e disse ter sido motivado por ciúmes. A vítima chegou a ser socorrida e levada a um hospital da cidade, mas não resistiu. Conforme a Secretaria de istração Penitenciária (SAP), o autor do feminicídio, Michael Denis Freitas, de 25 anos, foi autuado em flagrante e continuará preso.
De acordo com boletim registrado na Polícia Civil, a jovem morava em Bragança Paulista e vivia com Freitas desde agosto de 2017. No ano ado, ele foi preso após ser acusado de roubo.
No dia do crime, o casal estava na cela reservada para visitas íntimas, quando teria começado a discutir. O acusado teria empurrado a mulher para fora do beliche e, com ela já no chão, desferido chutes em seu rosto.
Conforme a SAP, por volta das 15h50, perto do término do horário da visitação, o agente que conduzia os visitantes para fora do pavilhão percebeu que a mulher não havia saído da cela onde acontecia a visita íntima. Nesse momento, alguns detentos solicitaram socorro, alegando que uma visitante teria sofrido um acidente na cela. Os agentes encontraram a jovem com hematomas e inconsciente.
Nicolly foi levada para o Hospital São Vicente, mas não se recuperou e acabou morrendo por volta das 20h40. No hospital, segundo a SAP, foi constatado que ela sofreu traumatismo craniano. Encaminhado à delegacia da Polícia Civil, o preso assumiu as agressões, resultantes de uma briga motivada por ciúmes. Ele relatou à polícia que derrubou a mulher da cama e a agrediu com socos e pontapés.
Até o fim
A Secretaria informou ter sido aberto um procedimento disciplinar e preliminar para apuração dos fatos. O preso foi isolado preventivamente em cela disciplinar e será pedida ao juiz local sua internação em regime disciplinar diferenciado. Segundo a SAP, a mulher era cadastrada no rol de visitas ao preso desde maio do ano ado e realizava visitas regulares.
Na página que mantinha em rede social, Nicolly relatou que o marido era muito ciumento e havia brigas, mas que no final “tudo acaba em muito amor”. Em outra postagem, ela declarou seu amor ao parceiro e disse que ficaria com ele até o fim. “Troquei as maquiagens pelas lágrimas, o salto pelo chinelo, a balada pelo trabalho, as viagens pela visita. Troquei minha vida pela sua. To (sic) com você até o fim.”.
Outro caso
Em Sarapuí, também no interior paulista, a diarista Cleonice de Oliveira Costa, de 41 anos, foi atropelada pelo ex-marido quando saía de casa para trabalhar nesta segunda-feira (28). Ao ver que ela ainda estava viva, o suspeito, Cristiano Mendes dos Anjos, desceu do carro e a golpeou com várias facadas.
Em seguida, o homem foi para sua casa, no mesmo bairro, e tentou se matar, ferindo-se com a faca no abdômen. Ele foi levado para um hospital de Itapetininga e ficou sob escolta. Assim que receber alta, será autuado por feminicídio. Conforme parentes da vítima, o ex não se conformava com a separação.
Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.