Itamaraty impõe sigilo a documentos da viagem de Bolsonaro à Rússia
PSol apresentou questionamentos ao órgão sobre conversas entre Bolsonaro e Putin, mas algumas respostas foram ocultadas. Sigilo é de 5 anos
atualizado
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O Itamaraty impôs sigilo de 5 anos – até 21 de fevereiro de 2027 – a algumas informações sobre a viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, pouco antes da invasão da Ucrânia executada pelo presidente russo Vladimir Putin. O Partido Socialismo e Liberdade (PSol) apresentou questionamentos ao Ministério das Relações Exteriores, como detalhes de agenda, participantes da comitiva e assuntos tratados, entre outros.
Entre as 15 perguntas, a bancada da sigla na Câmara questionou o Itamaraty sobre o conteúdo da conversa entre os presidentes. Os parlamentares pediram detalhes sobre possíveis menções ao conflito entre Rússia, Ucrânia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), assim como apontar de quem foi a iniciativa e com qual tom o assunto foi tratado.
Também foi solicitada uma avaliação da fala de Bolsonaro em visita à Hungria, “insinuando que sua visita à Rússia teria relação com a retirada de tropas russas das proximidades da Ucrânia”. O Itamaraty respondeu que comentar declarações do presidente “foge à competência institucional do MRE”.
“Foram intercambiadas visões sobre assuntos internacionais e respectivos entornos regionais, como a situação ao redor da Ucrânia. Não houve documento oficial emanado da reunião”, resumiu o órgão.
O MRE, porém, impôs sigilo de cinco anos ao telegrama inserido entre os anexos do documento de respostas, ado pelo Metrópoles. A restrição foi decretada em de fevereiro e os motivos para justificar o sigilo foram ocultados.
O Itamaraty respondeu a questões como os gastos discricionários da viagem, que incluem quase US$ 97 mil em diárias, mais de US$ 6 mil com intérpretes, cerca de US$ 125 mil com aluguel de veículos, US$ 12.595 com material de apoio ou escritório e US$ 890 com serviço de cerimonial.
Sem gastos com Carlos Bolsonaro
A pasta informou que não houve gastos do MRE com a viagem do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), que compôs a comitiva. “A designação da comitiva é da competência da Presidência da República”, definiu.
O PSol perguntou, também, se houve reuniões com representantes do Telegram ou se titulares da rede social participaram dos encontros entre Bolsonaro e Putin.
Também questionou se temas sociais como direitos da comunidade LGBTQIA+, direitos reprodutivos, proteção da família ou liberdade religiosa fizeram parte dos temas tratados entre os líderes.
A ambos os questionamentos, o Itamaraty disse que os tópicos não constavam no registro feito na Nota à Imprensa nº 24, publicada em 16 de fevereiro, com o título “Comunicado Conjunto do Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, e do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin”.
Veja o documento com as respostas do Itamaraty ao PSol:
Respostas Itamaraty Psol Bolsonaro Russia by Mariah Aquino on Scribd