IOF: esnobado PCdoB “salvou” governo e convenceu PL sobre arrecadação
Líder do PCdoB, partido por vezes esnobado pelo PT do presidente Lula, convenceu oposição sobre arrecadação a longo prazo na esteira do IOF
atualizado
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Coube ao PCdoB, frequentemente questionado sobre sua contribuição na aliança com o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, convencer a oposição a ajudar o Planalto em medidas arrecadatórias diante da crise do Imposto sobre Operações Financeiras. Os líderes e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), se reuniram nesta quinta-feira (29/5) para resolver o futuro do IOF, e terminaram com um panorama melhor que o esperado para a Fazenda.
O líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE, na foto em destaque), deu um nó na oposição, segundo colegas ouvidos pelo Metrópoles. Ele afirmou que não só a oposição, mas o Congresso também tem responsabilidade sobre o atual estado das contas públicas. Lembrou que o governo Bolsonaro e o Legislativo aprovaram a Proposta de Emenda à Constituição que turbinou benefícios sociais em 2022 – a PEC Kamikaze – e a PEC dos Precatórios em 2021, que jogou para frente dívidas da União.
A oposição havia começado a reunião intransigente. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), iniciou argumentando que o problema de arrecadação e de cumprimento do novo arcabouço fiscal é inteiramente de responsabilidade do governo Lula.
A posição dos bolsonaristas era a favor de derrubar completamente o decreto do IOF e deixar a Fazenda se virar para encontrar os R$ 20 bilhões necessários para fechar as contas públicas em 2025, alegando que eles não tinham responsabilidade pelo atual estado fiscal.
Após o argumento de Renildo, Sóstenes se demonstrou mais aberto. Afirmou aos colegas que ainda agiria para derrubar o aumento do IOF, mas que poderia dialogar com o governo para encontrar uma solução para a arrecadação. O deputado sinalizou a interlocutores que discutiria medidas como redução dos incentivos fiscais, por exemplo.
Nos governistas, a ação de Renildo chegou a gerar brincadeiras. Afirmaram que foi a maior contribuição do PCdoB ao governo Lula desde formalizaram uma aliança novamente, em 2022. O partido, que conta com apenas oito deputados, às vezes é tratada pelo próprio PT como uma legenda satélite, e teve seu espaço na Esplanada, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), posto em xeque por petistas em todas as reformas ministeriais.
IOF ainda sob risco
Após a reunião de líderes, Hugo Motta citou medidas arrecadatórias, mas colocou sob responsabilidade do governo apresentar alternativas à alta do IOF. Ele marcou uma sessão para discutir o tema para o dia 10/6.
“Da mesma forma que o governo nos garantiu que pode ou não apresentar uma alternativa, nós também deixamos claro que a nossa alternativa pode ser, sim, pautar o [projeto de decreto legislativo] PDL e sustar o decreto do governo”, explicou Motta.