Haddad nega ter falado sobre taxar super-ricos com secretária dos EUA
Ministro Haddad se reuniu nesta quarta (24/7) com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, e tratou sobre relações bilaterais
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou ter tratado da proposta de taxação internacional dos super-ricos com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em reunião bilateral realizada nesta quarta-feira (24/7), em meio à reunião do G20. A agenda da taxação não é bem-recebida de modo geral nos EUA.
“Isso [a proposta de taxação] está sendo tratado no âmbito das equipes técnicas. Na minha opinião, está avançando bem. Eu tenho algum otimismo em relação à declaração conjunta dos 20 países, não do comunicado, que é uma outra coisa, um comunicado global dos chefes de Estado, mas de uma declaração”, disse a jornalistas.
E frisou: “Tem havido interesse crescente no tema, justamente em virtude das necessidades globais e novas fontes de financiamento para enfrentar fome, mudança climática e temas correlatos”.
Segundo ele, foram discutidos com Yellen outros temas, envolvendo as relações bilaterais entre os dois países e a aproximação em relação à transformação ecológica.
O ministro participou, nesta tarde, do evento “Emirados Árabes Unidos COP28-G20 Brasil Finance Track: Tornando o financiamento sustentável, disponível e ível”.
Eleição nos EUA
Sobre o processo eleitoral em curso nos EUA, Haddad disse: “É difícil você opinar sobre eleição em outro país. O que a gente deseja é que esse intercâmbio não seja visto como um intercâmbio entre governos, mas entre Estados que têm uma relação muito antiga e que pode ser fortalecida com benefícios mútuos”.
Ele disse não ver que uma alternância coloque em risco a relação entre as duas nações.
O atual governo brasileiro possui mais afinidade com o Partido Democrata, que deverá indicar a atual vice-presidente, Kamala Harris, como candidata à Casa Branca, após o presidente Joe Biden desistir de concorrer à reeleição. Uma possível vitória do ex-presidente Donald Trump preocupa a gestão petista.
Proposta de taxação dos bilionários
Patrocinada pelo governo brasileiro, que ocupa a presidência do G20 até novembro deste ano, a proposta consiste na criação de um sistema tributário internacional desenhado pelos economistas Gabriel Zucman e a prêmio Nobel de Economia Esther Duflo.
Há previsão de alíquota de 2% para os impostos corporativos internacionais. Além disso, é proposta a criação de um fundo de US$ 500 bilhões, cujos recursos seriam canalizados para projetos socioambientais, com o objetivo de combater a pobreza e as mudanças climáticas.
Para que seja efetiva, a medida precisa de ampla adesão, em especial dos países mais ricos, para evitar a evasão fiscal e para que as multas e sanções sejam aplicadas de maneira eficaz. Até agora, a proposta já recebeu o apoio de países importantes da União Europeia, como França e Espanha, bem como da África do Sul e de países latino-americanos.
A proposta afeta 3 mil pessoas em todo o mundo, que detêm US$ 15 trilhões em patrimônio. “Estamos falando de algo que vai afetar milhares para favorecer bilhões. Me parece uma proposta decente, nesse ponto de vista social, econômico e político”, afirmou Haddad em uma das ocasiões em que foi a público defender a ideia.
Em junho, Haddad levou a proposta ao papa Francisco, no Vaticano. Uma eventual manifestação favorável pública do pontífice, que é visto como um “defensor vocal da justiça social e da responsabilidade econômica”, ajudaria o ministro brasileiro a ganhar espaço na opinião pública global.