Governador sobre mortos no Salgueiro: “coisa boa não estavam fazendo”
Cláudio Castro também alegou que não são recorrentes chacinas praticadas pela polícia no estado do Rio de Janeiro
atualizado
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Rio de Janeiro — O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, alegou que os nove mortos no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, “não estavam fazendo coisa boa”. Logo após entregar o projeto da Lei Orgânica da Polícia Civil na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na tarde dessa quinta-feira (25/11), Castro fez a sua fala sobre a chacina que aconteceu no último domingo (21/11).
“Gente, aqui ninguém é criança. Ninguém vai camuflado pro mangue trocar tiro com a polícia de airsoft (uma prática esportiva de tiro com armas não letais). Se foi completamente vestido camuflado trocar tiro com a polícia no mangue, certamente coisa boa não estava fazendo”, afirmou Castro.
Laudos periciais, noticiados pela CNN Brasil, tinham apontado que pelo menos seis vítimas usavam roupas camufladas, tratados como uma espécie de uniforme de traficantes de drogas no Rio. A declaração de Castro foi dada a repórteres durante visita à Alerj.
Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da PM, usaram, pelo menos, 60 fuzis durante a ação no Complexo do Salgueiro. A PM contabilizou 10 mortos, se incluído um policial, em toda a ação.
No fim de semana, um PM e outro homem que teria participado dos confrontos foram mortos. E mais oito corpos foram encontrados por moradores na área de manguezal da região, na segunda-feira (22/11).
“As armas usadas pelos 60 agentes do Bope vão ficar à disposição da Polícia Civil para exame de balística. Queremos transparência nas investigações. Os policiais do 7º BPM (São Gonçalo) começaram a ser atacados na quinta-feira (18/11), quando fechamos cerco à região para impedir roubos de carga”, afirmou Ivan Blaz, porta-voz da instituição.
Chacinas recorrentes
Ainda em sua fala, o governador Claudio Castro alegou que não são recorrentes chacinas praticadas pela polícia no estado do Rio de Janeiro. Embora sejam raros os casos de punição ou prisão de policiais por assassinatos cometidos em operações, Castro alegou que se alguém “errou, será punido”.
“A gente apoia sempre as polícias, mas não apoia por óbvio um erro”, afirmou o governador. “Está sendo investigado pela polícia. Se qualquer agente individualmente errou, será punido. Eu duvido que haja instituição que puna tanto os seus como as polícias do Rio”, acrescentou.
A Polícia Civil investiga se policiais militares praticaram execuções no Complexo do Salgueiro no último domingo. Depois das mortes, a polícia buscou divulgar quais mortos tinham antecedentes criminais, mas pelo menos três vítimas não tinham ficha policial.