Garota que fugiu por usar cigarro eletrônico na escola volta para casa
Pai de adolescente de 15 anos contou ao Metrópoles que filha ficou na rua por três dias em Goiânia: “Ela voltou para casa espontaneamente”
atualizado
Compartilhar notícia

Três depois de sair de casa assim que recebeu bronca da família por usar cigarro eletrônico na escola particular e quase ser expulsa da instituição, uma estudante de 15 anos voltou para casa onde mora com os pais e acabou com a aflição da família. A Polícia Civil de Goiás chegou a registrar o desaparecimento de Derika Pablinne Guedes de Oliveira, que retornou ao seu lar na quinta-feira (16/6).
“Ela ficou andando na rua”, disse ao Metrópoles o pai da adolescente, o funcionário público Genivan Guedes Póvoa, de 35, que mora com a esposa e a filha, no Jardim Goiás, na região sul de Goiânia. Uma avó de Derika chegou a viajar de Tocantins para a capital goiana por causa da preocupação com a neta.
A adolescente saiu de casa depois de Genivan chamar atenção dela por ter sido gravada em vídeo, por outra colega, usando cigarro eletrônico na escola. “Estava no banheiro”, contou a adolescente, que diz estudar para ser médica, futuramente. “Minha colega que me ofereceu [cigarro eletrônico] e aceitei por curiosidade”, disse ela.
“Ela voltou para casa ontem, espontaneamente. Já avisei a polícia. A direção quase a expulsou da escola. Ficou meio deprimida. O cigarro era de outra colega. Cheguei a brigar. Chamei atenção, falei que não poderia fazer isso”, contou Genivan.
O funcionário público disse que ficou bastante feliz com o retorno para a filha e, segundo ele, o caso serviu de lição para estreitar ainda mais o diálogo dentro de casa, em família, para acolher a educar a adolescente, devidamente. “Ela é a minha única filha. Eu a amo muito”, ressaltou.
Cigarro eletrônico
A fumaça do cigarro, após inalada, leva de 7 a 10 segundos para, a partir dos pulmões, se distribuir no sistema circulatório e chegar ao cérebro. Daí porque é considerada altíssima a rapidez e a força com que a nicotina torna a pessoa dependente dela.
“Aquele indivíduo que iniciou fumando um ou dois cigarros por dia tem grande potencial para chegar rapidamente a uma, duas ou até mais carteiras de cigarro por dia em pouquíssimo tempo. Não existem níveis seguros para o consumo do cigarro. Mas é óbvio que quanto mais cigarros a pessoa fuma por dia, maior o risco de desenvolver doenças a ele associadas”, alerta o pneumologista e membro do Sistema Hapvida, Walter Rodrigues da Costa Netto.
Nos últimos tempos, revestido de uma aura de modernidade e acompanhado de um discurso, rapidamente disseminado, de que não faz tão mal quanto o cigarro convencional, ou a fazer parte das rodinhas dos jovens o tal cigarro eletrônico. A ideia que se difunde é de que ele é inofensivo e que ainda por cima ajuda o fumante a sair da dependência da nicotina.
“Malefícios”
O especialista, porém, é taxitivo: “Ele está muito longe de ser isento de malefícios. Embora o cigarro eletrônico possua menos substâncias tão psicoativas, ele também é muito prejudicial. Já foram identificadas, em sua composição, diversas substâncias tóxicas, cancerígenas, sem mencionar que muitos deles também contém nicotina”, pontua.
De acordo com Walter Rodrigues, em 2019, o The New England Journal of Medicine, periódico bastante respeitado no universo médico, constatou que os cigarros eletrônicos, juntamente de algumas intervenções, isto é, mudanças comportamentais, ajudaria alguns fumantes a parar de fumar.
“Dependência permanece”
No entanto, conforme adverte a publicação, ao recorrer a isso, o que o fumante faz, ao trocar um pelo outro, é nada mais nada menos que fazer uma mera substituição sem muito efeito prático porque, no final das contas, a verdade é que o indivíduo continua fumando.
“A dependência permanece, o que indica que a chance de a pessoa recair, ou seja, voltar ao cigarro convencional é muito alta, porque o hábito de fumar não muda”, salienta o pneumologista.
Segundo Walter, existem várias medicações e terapias não medicamentosas que auxiliam a pessoa que quer parar de fumar, mas ele insiste: “Com absoluta certeza, o cigarro eletrônico não está, de forma alguma, dentre as abordagens utilizadas para se alcançar esse objetivo”.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta ar o canal: https://t.me/metropolesurgente.