Ex-ministro apresentou minuta para comandantes em ministério, diz Cid
Minuta foi apresentada dentro do Ministério da Defesa por general que ocupava cargo de ministro. Comandante do Exército não topou, diz Cid
atualizado
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O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, foi encarregado de apresentar a minuta do golpe aos comandantes das Forças Armadas, revelou o ex-ajudante de ordens Mauro Cid à Polícia Federal (PF) em delação premiada.
Segundo Cid, a reunião ocorreu no Ministério da Defesa em 14 de dezembro de 2022, com a presença dos comandantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea. O objetivo do encontro era apresentar a minuta, que previa a alteração do resultado das eleições de outubro daquele ano para manter Jair Bolsonaro no poder.
Cid relatou que não estava em Brasília no dia da reunião, mas soube posteriormente que o general Freire Gomes, comandante do Exército, rejeitou a proposta e já havia manifestado anteriormente que não tomaria nenhuma medida fora das “quatro linhas” da Constituição.
Embora não tenha detalhado isso no depoimento, além de Gomes, o comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, também se posicionou contra a medida. Já o chefe da Marinha, Almir Garnier, teria demonstrado interesse em apoiar o plano.
O sigilo da delação foi retirado na manhã desta quarta-feira (19/2) por decisão do ministro Alexandre de Moraes. Na noite anterior, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas.
General aliado do comandante
Dentro do Exército, o general Estevam Theophilo, quatro estrelas e ex-comandante da área de operações especiais, era considerado leal a Freire Gomes. Segundo Cid, Theophilo foi chamado ao Palácio da Alvorada por Bolsonaro para discutir a minuta do golpe.
Na reunião, realizada em 9 de dezembro de 2022, Bolsonaro teria apresentado o documento, que ainda estava sendo “trabalhado”. Cid afirmou à PF que não participou do encontro, mas soube de seu teor porque o próprio general lhe contou que o objetivo da reunião era tratar da minuta.
O ex-ajudante de ordens relatou ainda que Theophilo incentivou Bolsonaro a o decreto e garantiu que as Forças Armadas cumpririam a decisão. O general também teria demonstrado disposição para integrar o núcleo do golpe, desde que o ex-presidente oficializasse a medida.