Em 2020, Covid-19 fez Brasil ser o 4º país com mais mortes acima da média anual
Conclusão está em preprint publicado no fim de janeiro que estima quantas mortes a mais aconteceram por conta da pandemia
atualizado
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O Brasil é o quarto país com o maior excesso de mortalidade por conta da Covid-19 em uma lista de 79 países que juntos somam 1,4 milhões de óbitos. O grupo representa 63,6% dos 2,2 milhões de óbitos registrados em 29 de janeiro. Essa é a data em que o estudo com a estimativa dos excessos de mortes foi publicada na Medrvix.
A pesquisa assinada por Ariel Karlinsky da Universidade Hebraica de Israel e Dmitry Kobak da Universidade de Tubingen na Alemanha ainda está em preprint. Isso significa que ele ainda não foi revisado pelos seus pares, como é de praxe nas revistas científicas. O preprint permite ter o ao estudo antes desse processo, que costuma ser longo.
O excesso de mortes é um cálculo que estima quantas pessoas morreram a mais em um determinado período. Para isso, cria-se uma base comparação levando em conta quantas pessoas faleceram em cada país nos períodos anteriores. O número acima ou abaixo dessa linha de comparação é o excesso (ou escassez) de mortes.
No cálculo feito pelos dois pesquisadores apenas três países tiveram mais mortes em excesso durante a pandemia de Covid-19 do que o Brasil: Estados Unidos, México e Rússia. Os números para cada país estão no gráfico a seguir.
Como é possível perceber, alguns países tem um excesso de mortes maior do que a quantidade de óbitos por Covid-19 notificados. Isso indica, de acordo com o estudo, uma subnotificação nos óbitos causados pela doença. Caso a lógica e o cálculo da dupla estejam corretos, os países com a maior subnotificação seriam o Uzbequistão, Casaquistão, Bielorússia, Egito, e Russia.
Outra medida importante é a do excesso de mortalidade em relação à população. Nesse caso o Brasil cai para a posição 31, com 89,3 a cada 100 mil habitantes. Os primeiros lugares são de dois vizinhos, o Peru, com 305,1, e a Bolívia, com 259,2.
O médico e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Julival Ribeiro, aponta que o Brasil não está fazendo nada de diferente em 2021 para evitar repetir 2020.
“Brasil está cometendo os mesmos erros do ano ado. Observamos um retardamento da vacina. O governo era para estar imunizando milhões de pessoas já. Não houve um planejamento e isso é muito triste porque o Brasill tem um das melhores programas de vacinação do mundo”, avaliou.
Ele disse ainda que mesmo com a vacinação é necessário “o uso de máscara e medidas de distanciamento social” para diminuir a curva de mortes. “Precisamos saber que nenhuma vacina tem eficácia de 100%”, concluiu.