Em Paraisópolis, Boulos disputa votos com PT e lamenta desunião da esquerda
Candidato do PSol tenta ir ao 2º turno na disputa pela prefeitura de São Paulo e busca votos onde Jilmar Tatto (PT) é mais presente
atualizado
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Enviados especiais a São Paulo – Candidato do campo da esquerda mais bem colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, do PSol, sente falta nessa reta final da campanha de votos na periferia da cidade, em áreas onde o petista Jilmar Tatto tem mais presença.
Boulos sustentou uma tendência de alta nas pesquisas que hoje ameaça o lugar do adversário Celso Russomanno (Republicanos) no segundo turno contra Bruno Covas (PSDB). Na última rodada de levantamentos, porém, a intenção de voto no candidato do PSol deixou de crescer e o quarto colocado, Márcio França (PSB), se aproximou.
Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta (5/11), Covas está isolado na liderança com 28% das intenções de voto; Russomanno caiu 4 pontos, para 16%; Boulos ficou com 14% e França subiu de 10% para 13%. Tatto subiu de 4% para 6%, o que ainda não é suficiente para tirá-lo do pelotão de trás.
“Eu sempre trabalhei pela unidade. Teria sido melhor para que a gente possa derrotar o bolsonarismo e os tucanos em São Paulo”, disse Boulos ao Metrópoles, após caminhada pelas ruelas de Paraisópolis, comunidade carente de infraestrutura na Zona Sul de São Paulo, onde vivem mais de 40 mil pessoas.
“Todas as pesquisas tem mostrado que a nossa candidatura é aquela com melhores condições de derrotar esse projeto atrasado. A unidade teria fortalecido, mas enfim, isso não foi feito até aqui”, completou, com certo cuidado nas palavras para não queimar definitivamente as pontes.
A ida a Paraisópolis é uma forma de buscar terreno entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos, faixa na qual o candidato está atrás de Covas e Russomanno, segundo o Datafolha.
Veja fotos da agenda de Boulos neste domingo:
Ainda desconhecido
Boulos sabe que até dentro do PT há um movimento simpático à sua candidatura. Apoiadores históricos do PT, como os sindicatos, também têm chamado a atenção para o risco que o psolista sofre de ser ultraado por França.
Os votos de Tatto poderiam fazer a diferença neste momento, mas, do candidato petista, não há nenhuma sinalização no sentido de apoio, até porque, ainda que lentamente, ele tem crescido nas intenções de voto.
Na caminhada por Paraisópolis, Boulos foi bem recebido, mas ainda enfrenta o problema do desconhecimento. Afinal, apesar de já ter concorrido à Presidência da República, hoje ele conta com 17 segundos na propaganda eleitoral obrigatória.
A reportagem do Metrópoles presenciou em algumas oportunidades os moradores se questionando se seria Boulos o candidato de Lula.
“Se não é o candidato do Lula, deveria”, sugere o dono de bar Antônio Regis Avelino, 57 anos, que diz já ter votado “tanto no PT quanto no PSDB” em eleições anteriores. “Mas agora, vou te falar a verdade, estou em dúvida ainda. O Boulos talvez eu vote nele, mas é ruim ele não ter o apoio do PT”, completou. Sobre Tatto, diz que conhece, mas que a maioria dos amigos não sabem quem é. “Isso atrapalha. Onde já se viu um candidato desses que ninguém conhece?”, concluiu.
Boulos na periferia
Segundo o Datafolha, a candidatura do PSolista é mais forte entre aqueles com renda familiar mensal de mais de 10 salários mínimos. Nessa faixa, ele lidera com 28%, seguido por Covas, que tem 25%. Por isso, a campanha na reta final está focada em bairros periféricos. “Agora é olho no olho e vamos crescer”, aposta o candidato.
Após a caminhada, Boulos avaliou que sua intenção de voto não estacionou. “Subimos na pesquisa espontânea, estamos em segundo. E estamos subindo na periferia, somos a candidatura que mais sobe na periferia”, afirmou.
Na agenda de campanha, ele contou com o apoio de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), no qual Boulos fez sua carreira política ao longo de duas décadas.
A eleição municipal terá seu primeiro turno no dia 15 de novembro, próximo domingo. Ainda segundo o Datafolha, 42% dos eleitores item mudar seu voto nesta última semana. Dos eleitores de Tatto, por exemplo, 25% assumiram intenção de mudar para Boulos, indica o instituto.