Com suspeita de laxante na comida, Ronnie Lessa come só pão na cadeia
Preso em Tremembé, Ronnie Lessa tem relatado que agentes da penitenciária têm boicotado a comida dele
atualizado
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O ex-policial militar Ronnie Lessa, condenado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, tem se alimentado exclusivamente de pão na Penitenciária 1 (P1) de Tremembé, em São Paulo, após alegar que agentes prisionais estariam colocando laxantes na comida fornecida a ele.
Conforme apurado pelo Metrópoles, Lessa, que cumpre pena desde junho do ano ado na unidade, decidiu recusar a alimentação da penitenciária devido ao suposto uso dos laxantes em suas refeições.
Lessa afirmou ainda que os agentes penitenciários consideram a atitude dele como uma “birra”. Ele teria comunicado aos familiares e advogados que, enquanto a situação persistir, continuará a se alimentar apenas de pão.
Desde que deixou a Penitenciária Federal de Mato Grosso, após firmar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) — que resultou na prisão dos irmãos Brazão e do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa — não é a primeira vez que Lessa relata problemas no sistema prisional.
Réu confesso, Lessa também já havia informado a familiares e advogados que está vivendo em uma espécie de “solitária”, sem o a banho de sol ou ao convívio com outros presos.
Apesar de ameaças por parte de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), Lessa esperava ser transferido para outros pavilhões e cumprir sua pena em condições semelhantes às de um “detento comum”. Ele também questionou os termos da delação que não estavam sendo nada vantajoso para ele.
Diante das denúncias, a Penitenciária Federal de Tremembé instaurou um procedimento para apurar as alegações feitas por Ronnie Lessa.
O pavilhão onde Lessa está preso é conhecido por abrigar integrantes de facções criminosas. A P1 de Tremembé tem um perfil diferente da P2, onde cumprem pena o ex-jogador da Seleção Brasileira Robinho e o empresário Thiago Brennand, ambos condenados por estupro.
A informação de que ele não usufrui de banho de sol foi rebatida pela Secretaria da istração Penitenciária (SAP). A pasta salientou que ele desfruta do banho de sol, mas em pátio reservado.
O crime
Marielle Franco foi assassinada, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na noite de 14 de março de 2018. À época, ela tinha pouco mais de um ano de mandato como vereadora da cidade do Rio de Janeiro. Marielle voltava de um encontro de mulheres negras na Lapa. Élcio emparelhou o carro que dirigia e Lessa fez os disparos. Foram 13 tiros.
Os projéteis atingiram também o motorista dela, Anderson Gomes. Lessa explicou, durante o julgamento, que, como a munição utilizada foi a 9 mm, ela tem um poder grande de “transfixar”, o que fez os disparos que acertaram Marielle também chegarem ao corpo do motorista.
A assessora de imprensa da parlamentar, Fernanda Chaves, que estava ao lado de Marielle no carro, foi ferida por estilhaços, mas sobreviveu.
Após delação, Ronnie entregou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como mandantes, e o delegado Rivaldo Barbosa como mentor do crime. Eles negam a autoria. O processo corre no STF em uma ação penal.