Carlos Arthur Nuzman é alvo de nova fase da Lava Jato
Segundo investigações, ele teria participado de forma direta da compra de votos dos integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI)
atualizado
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Investigado pela Operação Unfair Play (Jogo Sujo, na tradução do inglês), da Polícia Federal, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, presta, nesta terça-feira (5/9), depoimento à corporação no Rio de Janeiro. Ele é alvo da ação, desdobramento da Lava Jato, que apura suposto esquema de compra de votos para escolha da capital fluminense para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.
Além de Nuzman, a ex-sócia do empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, Eliane Pereira Cavalcante, também depõe na sede da PF no Rio.
A PF, com o Ministério Público Federal (MPF) e procuradores da França, deflagrou, nesta terça-feira (5/9), mais uma fase da Lava Jato. O objetivo desta vez é prender suspeitos de fraudar a votação que resultou na escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos.
Segundo as investigações, Nuzman participou de forma direta da compra de votos dos integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele teria recebido propina de US$ 1,5 milhão. A pedido do MPF, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, bloqueou R$ 1 bilhão do patrimônio do dirigente; do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, o “Rei Arthur”; e de Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia do empresário.
Procuradores afirmam que o objetivo é reparar os danos provocados pelos trio por causa das proporções mundiais da denúncia.
A Procuradoria da República, no Rio de Janeiro, colocou Nuzman, no topo de uma “engenhosa e complexa relação corrupta”. A força-tarefa aponta que “neste grande esquema ganha-ganha” Arthur Soares direcionou propina que seria destinada ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) — que está preso — para Papa Massata Diack, filho do presidente da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês).
Segundo o MPF, o objetivo era “garantir mais um voto na escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016”.
“Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões a representante da Associação Internacional de Atletismo, como forma de obter votos para a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016”, afirma a Procuradoria.
“Carlos Arthur Nuzman, como presidente do COB (e, posteriormente, também do CO-Rio-2016), foi o agente responsável por unir pontas interessadas, fazer os contatos e azeitar as relações para organizar o mecanismo do ree de propinas de Sérgio Cabral diretamente a membros africanos do COI, o que foi efetivamente feito por meio de Arthur Soares.”
Além de presidente do COB, Nuzman, “após a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos, ou a acumular também o cargo de presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016”.
Os investigadores sustentam também que, nessa posição, Nuzman foi um dos responsáveis por buscar apoio para escolha do Rio como sede dos Jogos. Inclusive, o apoio dos integrantes africanos. A Procuradoria acrescenta que “as negociações entabuladas por Nuzman foram essenciais para que se concretizasse o ree de vantagem indevida de Sérgio Cabral a Papa Massata Diack, por meio de Arthur Soares”.
Mandados
O juiz Marcelo Bretas expediu dois mandados de prisão para Arthur Cesar de Menezes, ex-dono da Facility, e contra Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia da empresa. Setenta policiais federais também cumprem 11 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em Paris, na França.
As investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.
Os fatos apurados pela PF indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas nesse suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016, o que resultou no pedido de cooperação internacional com a França e os Estados Unidos.
Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. (Com informações da Agência Estado)