Cacá Diegues: “Temos sofrido um vendaval de paixões polarizadas”
“Há um desejo latente de valorizar a vulgaridade e o homem dito ‘normal'”, disse o cineasta, ao tomar posse na Academia Brasileira de Letras
atualizado
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Um dos pais do Cinema Novo, o cineasta Cacá Diegues tomou posse como o novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele ocupará a cadeira 7, sucedendo o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, que faleceu em abril do ano ado. Eleito para a cadeira em agosto de 2018, Cacá Diegues fez um discurso alertando para as “paixões polarizadas e histéricas”. As informações são do jornal O Globo.
“Há um desejo latente de valorizar a vulgaridade e o homem dito ‘normal’, aquele que só reproduz os piores valores de nossa ignorância, sem sonhos nem fantasias, num horizonte sombrio e sem surpresas”, disse o cineasta durante a cerimônia de posse no Petit Trianon, no Rio de Janeiro. Ele afirmou ainda que “os tempos são outros”.
O cineasta também falou sobre o Cinema Novo, que chamou de “a chegada do modernismo no cinema”. O presidente da ABL, Marco Lucchesi, disse que Cacá é um artista que conseguiu capturar “parte essencial do imaginário brasileiro com seu espírito irônico e plural”.
Geraldo Carneiro, acadêmico da ABL, foi quem fez o discurso de recepção. Para ele, Cacá fez de seu cinema “um lugar de celebração da vida e da cultura brasileira” como uma “resposta aos tempos negros da ditadura”.
Cacá Diegues nasceu em 19 de maio de 1940, em Maceió (AL). Ele foi eleito para a ABL no dia 30 de agosto do ano ado, sucedendo ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, que morreu no dia 21 de abril de 2018.
Cacá Diegues venceu dez concorrentes: Conceição Evaristo, Pedro Corrêa do Lago, Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira. Dos atuais 39 membros da ABL, apenas cinco são mulheres.