8/1: ex-diretor da Abin diz que enviou relatórios sobre risco nos QGs
Segundo Saulo Moura, foram produzidos relatórios na Abin durante o governo de transição de Lula sobre os riscos dos acampamentos
atualizado
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O ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura afirmou que enviou relatórios de inteligência sobre riscos de ações golpistas por parte de manifestantes acampados em frente aos Quartéis-Generais (QGs) em todo o país antes dos atos do 8 de Janeiro, em Brasília (DF).
Saulo depõe, na manhã desta terça-feira (27/5), como testemunha de defesa do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres, no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado e a manutenção de Jair Bolsonaro (PL) no poder. A audiência é conduzida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Entenda
- Ex-Abin é uma das testemunhas de Anderson Torres no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
- Saulo Moura foi diretor-adjunto da Abin nos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro.
- Torres é réu no processo por cinco crimes, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O ex-diretor ressaltou que, durante o período em que esteve na Abin, nomeado no início de janeiro, não recebeu informações de nenhum órgão, seja federal, seja distrital, sobre o acampamento de manifestantes em Brasília. No entanto, afirmou que a própria Abin produziu documentos, ainda durante o governo de transição do presidente Lula, sobre movimentos extremistas.
“Estávamos monitorando [as manifestações], porque havia manifestações antidemocráticas. Ainda no governo de transição, encaminhamos relatórios sobre essas manifestações extremistas, não só em Brasília, mas também em outros acampamentos de grande porte, como no Rio de Janeiro. Estamos falando de relatórios de inteligência, não de alertas”, destacou Saulo.
O ex-diretor acrescentou que esses documentos foram enviados ao governo de transição. Segundo ele, já sobre a emissão de alertas, haviam informações de que, no dia 7, véspera dos atos antidemocráticos, os manifestantes planejavam descer para a Esplanada dos Ministérios.
“Ao longo da noite, essas informações chegaram. Quando acordamos no domingo [8/1], já sabíamos que havia mais de 100 ônibus. Nosso primeiro alerta, no dia 8 pela manhã, foi de que a manifestação ganhava porte. Cem ônibus seriam mais de 5 mil pessoas”, revelou.
“Esse número começou a chegar para a gente no dia 7. Até o dia 6, não tínhamos capacidade de avaliar o tamanho da manifestação”, completou.
Torres convocado por Bolsonaro
O delegado da Polícia Federal (PF) Braulio do Carmo Vieira afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres foi convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma live, em julho de 2021, que apontou “fraudes” nas urnas eletrônicas.
Vieira também depôs, na manhã desta terça, como testemunha de defesa de Torres no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, em audiência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Servidor da PF, Vieira atuava no ministério chefiado por Torres. Ele contou que o ex-ministro foi convocado por Bolsonaro para participar de uma live – àquela época ocorriam tradicionalmente às quintas-feiras, conduzidas por Bolsonaro. “Houve uma convocação do presidente da República [para participar da live]. Houve desconforto pelo desconhecimento técnico do tema. Ele pediu a assessores que buscassem documentos sobre o tema [da live]”, apontou o delegado.