Tarcísio: como atrair os bolsonaristas e manter Bolsonaro à distância
Sem compreender o ado não se entende o presente e muito menos se projeta o futuro
atualizado
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É de ver-se com lupa como a grande mídia no Brasil tratou Bolsonaro (PL) em 2018, ano em que ele se elegeu.
Só assim se poderá imaginar como tratará Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, se ele disputar a vaga de Lula (PT) em 2026, e se Lula for candidato à reeleição.
Fernando Collor de Mello (PRN), em 1989, foi o queridinho da mídia para derrotar Leonel Brizola (PDT) e Lula, e os derrotou. Em 1994 e 1998, o queridinho foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que nas duas ocasiões derrotou Lula no primeiro turno.
José Serra (PSDB) em 2022, Geraldo Alckmin (PSDB) em 2026, de novo Serra em 2010, Aécio Neves (PSDB) em 2010, e de novo Alckmin em 2018 foram os queridinhos contra Lula, Dilma (PT) e Fernando Haddad (PT).
No momento, a esperança da mídia é que Tarcísio se candidate, mas, de preferência, sem o apoio escancarado de Bolsonaro. Pegaria muito mal para ele. Apoio velado? Taokey.
O desafio de Tarcísio é justamente esse: atrair o voto dos bolsonaristas de raiz, golpistas assumidos ou não, pouco importa, deixando Bolsonaro de fora do seu palanque.
Se Bolsonaro não estiver preso até lá, bem que poderia voar para Miami durante a campanha eleitoral e derramar suas lágrimas no ombro amigo de Donald Trump.
O governo de Tarcísio acaba de promulgar uma lei em homenagem ao coronel Erasmo Dias, expoente da ditadura militar de 64.
Como ele está em Portugal, sempre poderá dizer que coube ao vice-governador Felício Ramuth (PSD) promulgá-la. Mas Ramuth o faria sem a concordância de Tarcísio?
Um entroncamento de rodovias localizado na cidade natal do homenageado, Paraguaçu Paulista, ou a ser denominado “Deputado Erasmo Dias”.
Dias foi deputado federal entre 1979 e 1983 e estadual entre 1987 e 1999. Morreu em 2010 aos 85 anos.
Secretário de Segurança Pública de São Paulo de 1974 a 1979, tornou-se conhecido por comandar a invasão na PUC de São Paulo em setembro de 1977, na última grande operação do regime militar contra o movimento estudantil.
A ação resultou na detenção de 854 pessoas. Delas, 92 foram fichadas no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS)) e 42 acabaram processadas com base na Lei de Segurança Nacional, acusadas de subversão.
Em entrevista à Folha de S. Pauloem 2005, Dias disse considerar que a tortura é justificável em determinados contextos.
E defendeu a versão oficial da ditadura de que o jornalista Vladimir Herzog, assassinado por militares nas dependências do DOI-Codi em outubro de 1975, cometeu suicídio.