Compartilhar notícia
Acertou quem pensou em Moro (União Brasil), candidato no Paraná a uma vaga de senador, e que terá pela frente a parada indigesta de enfrentar quem mais o apoiou à época da Lava Jato – Álvaro Dias (Podemos), senador e candidato à reeleição.
Essa lição, Moro aprendeu depois de entrar na política: traição não é bem vista, mas, se necessária… Em 1950, o governador de Pernambuco, Agamenon Magalhães (PSD), fez um acordo com Cid Sampaio (UDN) para eleger a mesa da Assembleia Legislativa.
No dia da eleição, ou-lhe a perna e Sampaio, furioso, foi tomar satisfações com ele no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do Estado. O escritor Nilo Pereira, chefe de gabinete de Magalhães, nervoso, o avisou:
– Dr. Cid está na antessala e quer falar com o senhor. O que é que eu digo a ele?
Magalhães respondeu na bucha:
– Diga que o traí.
Moro sentiu-se traído por Bolsonaro que o convidou para ministro da Justiça em troca de uma futura vaga no Supremo Tribunal Federal, que acabou não lhe dando. Pior: forçou-o a deixar o governo porque quis intervir na Polícia Federal e Moro não deixou.
Moro também se sentiu traído quando o deputado Luciano Bivar (PE) convidou-o a sair do Podemos de Dias para ser candidato a presidente pelo UNIÃO BRASIL. Moro caiu na conversa de Bivar e deu-se mal. Nem senador por São Paulo pôde ser.
Como precisa de votos para se eleger senador pelo Paraná, Moro soltou uma peça de campanha nas redes sociais em que acena para Bolsonaro. De volta ao berço, pois. A senadora Soraya Thronicke é candidata à vaga de Bolsonaro pelo União Brasil.
Na peça, Moro não cita o nome dela. Mas agrada a Bolsonaro ao dizer que “jamais estará ao lado de Lula e do PT’. Moro depende do voto bolsonarista para derrotar Dias. Bolsonaro não depende de Moro. Tomou-lhe os 8% de votos que Moro já teve para presidente.
Política não é para amador.
