HÁ VINTE ANOS – A última palavra é dele, e não poderia ser diferente
Manda quem se elege, obedece quem tem juízo
atualizado
Compartilhar notícia

Ele manda. E ponto. Por isso não estou nem aí para a reforma ministerial que deverá ser anunciada na próxima semana. Nem aí é exagero. Não é bem assim.
Como escrever sobre uma reforma que está somente na cabeça do presidente? Uma reforma que ele faz questão de não compartilhar com ninguém?
Nem o ministro José Dirceu, nem o ministro Antonio Palocci, nem o ministro Aldo Rebelo sabem hoje o que Lula está perto de anunciar. Podem intuir. E sua intuição, mais adiante, revelar-se acertada – ou não. Mas é só.
Lula faz questão de exercer sozinho a prerrogativa de tomar decisões importantes de governo – e não está errado em proceder assim. Também não digo que esteja necessariamente certo. Importam os resultados do método ou do caminho escolhido.
O método tem sido esse desde o primeiro dia de governo. Muitos ministros importantes já foram surpreendidos por decisões de Lula que contrariaram suas expectativas.
Muitos já foram até desautorizados por Lula em meio a determinadas ações antes autorizadas pelo próprio Lula. Ele ouve todo mundo, ou ouve quem acha que deve ouvir, e um belo dia decide. E ponto.
Quer dizer que só faz o que quer? Não. Já fez o que não gostaria de fazer, mas que se convenceu de que deveria fazer. Mas para o bem ou para o mal, ele decide, ele manda e os outros obedecem.
É isso que chamam de “a solidão do poder”.
(Publicado aqui em 2 de março de 2005)