Em um albergue de Berlim (por Guga Noblat)
Texto originalmente publicado em 11 de junho de 2006 e hoje republicado para marcar os 20 anos do blog
atualizado
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Pô, meu, eu telefono para contar histórias (não foi isso que ele me encomendou?) e o homem pede para ligar mais tarde porque não quer perder o resto do jogo Holanda 1 x Sérvia Montenegro 0.
Ele está em Brasília sentadinho no sofá da sala de som, agasalhado, só pedindo a Joana: “Me traga água”; “Cadê meu sanduíche">
Descolamos um albergue ao chegarmos, ontem, de Munich. Logo um albergue cheio de hóspedes barulhentos, principalmente ingleses e brasileiros, que aprontaram a maior zorra de madrugada. Berlim tem 500 hotéis e 40 albergues. Dos 500, uns 100 em sua zona central. Nesses, só havia cinco quartos desocupados.
Os albergues estão lotados – menos o nosso, um prédio de cinco andares que tem 150 quartos ainda disponíveis de um total de 610. A localização dele é “ótima” – a 20 quilômetros do estádio onde jogará o Brasil depois de amanhã, espremido entre a estação central de trem de Berlim e a rua Hardenbergershf (o diabo é soletrar os nomes para o homem impaciente e que parece estar perdendo a audição).
Há quartos para duas pessoas e para oito com camas de beliche. A diária custa R$ 70,00 por pessoa. Paga-se adiantado. Se você vai ficar cinco dias, paga no ato as cinco diárias. Os alemães não confiam em quem se hospeda em albergues – e têm mais é de desconfiar mesmo.
O quarto é pequeno e ruim. Animei-me com a perspectiva de ver alguma coisa no aparelho de televisão que fica em um e fixo no alto da parede, defronte às camas. Não deu. O fio da televisão não alcança a tomada. Não tem extensão. E se tivesse, não tem antena. Enfim, tem um aparelho de televisão no quarto, mas ele não funciona. Que Copa inesquecível! Onde fui amarrar meu cavalo…