Bolsonaro faz de Malafaia seu boneco para atacar os militares
Com medo de ser preso, ex-presidente usa o pastor para tocar fogo no parquinho
atualizado
Compartilhar notícia
O pastor Silas Malafaia é boneco de ventríloquo. Quando Bolsonaro não quer dizer determinada coisa, põe Malafaia no colo e o boneco fala por ele. Malafaia suplica para que o ministro Alexandre de Moraes o prenda de modo que ele possa se tornar um mártir.
Bolsonaro topa tudo por dinheiro e relevância, só não topa acabar preso um dia. Como soldado indisciplinado, que mais tarde o Exército dispensou, Bolsonaro foi preso uma vez, e não gostou. Agora, diz que o golpe do 8/1 foi uma trama que culminaria com sua prisão.
Escapou da prisão, segundo ele, porque “algo” o avisou de que seria preso se não fugisse do país. E, com tudo pago, foi parar nos Estados Unidos. O imbrochável, incomível, imparável, começará em breve a ser julgado por golpe e tentativa de abolição violenta da democracia.
No comício do último domingo na Avenida Paulista, Bolsonaro se valeu de Malafaia para chamar Moraes de cínico e manipulador, criticar a imprensa e defender o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, que está preso, segundo ele, injustamente. E foi mais longe.
O boneco Malafaia atacou diretamente os militares:
“Cadê esses generais de quatro estrelas, do Alto Comando do Exército? Cambada de frouxos, cambada de covardes, cambada de omissos. Vocês não honram a farda que vestem. Não é para dar golpe, não, é para marcar posição”.
Bem que Bolsonaro se esforçou em convencer os generais a darem um golpe para impedir a posse de Lula e derrubar Moraes. Mas eles acharam a ideia arriscada demais. E se a reação interna e externa ao golpe fosse grande? Como eles ficariam? Todos seriam reformados.
O que não entendi da fala do boneco Malafaia sobre a frouxidão dos militares é quando ele diz que não seria “para dar golpe, não, é para marcar posição”. Ora, marcar posição diante do quê? Diante da Justiça que poderá condenar Bolsonaro e mandar prendê-lo?
Em entrevista à revista Oeste nesta segunda-feira (7), Bolsonaro citou o “desabafo ontem lá na Paulista” feito pela boca do boneco:
“Não vou repetir aqui porque sou capitão do Exército, né? Fiquei muito triste não com o Malafaia, mas com as verdades que ele falou. Realmente é revoltante a gente ouvir isso daí. Ele fala: ‘Ninguém quer dar um golpe nenhum, não, mas o que está acontecendo é isso’ e se dirigiu aí a algumas autoridades fardadas.”
Covardes não são os generais. Covarde é Bolsonaro que usa um boneco para atacá-los.
