As últimas da chapa Lula-Alckmin
Em pauta uma aliança entre o PT e a centro-direita contra o bolsonarismo e a Lava Jato
atualizado
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Já existe algo de positivo na chapa Lula-Alckmin em 2022. A possibilidade ganhou espaço nas notícias e nas análises, rivalizando com as declarações desesperadas de Bolsonaro e a campanha de parte da imprensa a favor de Moro. Há outras vantagens. Para Lula, um aceno aos moderados e um teste para seu eleitorado. Se aceitarem Alckmin, aceitam qualquer um. Para o ex-governador, um improvável protagonismo há um ano das eleições, após ser despejado do PSDB.
É evidente o desconforto de parte do PT paulista com a proposta. Primeiro, pela soberba de acreditar que a candidatura Lula basta em si mesma. Depois, pelas políticas de Alckmin contra os movimentos sociais quando governador. Rui Falcão recorda das privatizações, a desvalorização salarial dos professores e a violenta desocupação do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos. “Em uma campanha que precisa de aguerrimento, você vai botar um anestesista? O cara é um gelo”, ironizou.
Luiz Marinho, presidente do partido em SP, simplifica: “No estado de São Paulo, nós temos um adversário histórico que se chama PSDB. O PSDB teve como governador por 12 anos um cidadão chamado Geraldo Alckmin”
Sinal de alerta, racha na esquerda, brigas internas no PT? É só lembrar que o partido já fez aliança com Maluf. O próprio Marinho posterga a decisão do vice para abril. E Gleisi Hoffmann, presidente nacional da sigla, contemporiza, dizendo que Geraldo “foi adversário, mas não é nosso inimigo” e desconversa, afirmando que não existe negociação. Existe, mas é bem maior do que a composição de uma chapa. É o diálogo do PT com parte da centro-direita em uma aliança contra o bolsonarismo e a Lava Jato.
Aposta-se na filiação de Alckmin ao PSD de Kassab e sua candidatura ao governo do estado. Ou integrar o Solidariedade e ser vice de Lula. As duas possibilidades eram alternativas às negociações do PT com o PSB, muito mais complexas regionalmente, envolvendo o apoio dos petistas em seis estados e impedindo a candidatura de Haddad em SP.
Eis que na última sexta-feira, Márcio França afirmou que são 99% as chances de se consolidar a chapa Lula-Alckmin. Ele espera contar com o apoio de Alckmin nas eleições paulistas e não descartou a candidatura de Haddad ou um nome do PT. Para acontecer o cenário desenhado por França, Alckmin jamais poderia se filiar ao PSB.
Alckmin no PSD reavivaria a dobradinha Lula-Kassab, mas sem a formação de uma federação partidária entre as duas legendas. O petista ganharia o apoio ou a neutralidade de parte da direita na eleição nacional. O PSD ganharia um nome forte para a eleição estadual. E a promessa de ter as portas abertas em um governo petista.
Mas há muito tempo para negociações até abril do ano que vem. O importante, no momento, é manter a chapa Lula-Alckmin em evidência.