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Povo morria de Covid-19 e uma ditadura quase renascia -Por Zeca Dirceu

O julgamento no STF não é apenas sobre Bolsonaro e seus aliados. É sobre o direito de milhares de brasileiros de serem lembrados

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A denúncia do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas envolvidas em um movimento articulado para a promoção de um golpe de Estado no país revela um plano sombrio que vai muito além da simples recusa em aceitar os resultados das eleições de 2022.

O que toda a sociedade brasileira não sabia é que em 2021, enquanto milhares de brasileiros morriam de Covid -19 sem atenção do governo, causando uma enorme dor coletiva, Bolsonaro, com a alta cúpula do governo, já traçava um plano para excluir a possibilidade de honrarmos a memória dos nossos entes queridos nas urnas no ano seguinte.

Enquanto o Brasil registrava números recordes de mortes por Covid-19, o então capitão-presidente e sua cúpula governamental articulavam um golpe para se manter no poder, independentemente da vontade popular. Era a implementação de um projeto sistemático de desestabilização da democracia para que os amantes da tortura e do autoritarismo permanecessem no poder.

Conspiravam enquanto milhares de brasileiros perdiam a vida por negligência do Estado. As famílias choravam seus mortos, Bolsonaro fazia chacotas das mortes e planejava como silenciar o povo e garantir poderes absolutos. Esses dois fatos explicitam o seu desprezo à vida e à democracia. Aliás, um dia ele disse, sem ficar ruborizado, que sua especialidade era a morte. Quanto a isso, não mentiu: mais de 700 mil pessoas morreram vítimas da doença, que se alastrou por conta do negacionismo do governo ado.

Quando Bolsonaro ridicularizou as vítimas imitando uma pessoa sufocada e muitos pensaram que se tratava de sua mera incapacidade mental e de empatia, fez isso porque, segundo a denúncia da PGR, ele e seus comparsas previam o “uso da força”, “dar soco” e “virar a mesa” antes mesmo das eleições. Isso mesmo: queriam calar a nossa voz a qualquer custo.

Enquanto o presidente Lula ou a viajar pelo país ouvindo o sofrimento da população e acreditava no caminho democrático, os golpistas bolsonaristas davam os para a “execução do plano de permanência no poder, independente do resultado das urnas”. Eles nunca quiseram disputar as eleições constitucionalmente definidas e nem enfrentar a maior limitação para um autoritário na democracia: o poder do povo.

Ao contrário deles, nós acreditamos no poder do povo e na importância da Constituição. Pessoas como o meu pai, perseguido pela ditadura, e tantos outros que sequer tiveram a mesma sorte de estar vivos, enfrentaram o regime militar para termos uma democracia. E é essa democracia que garante aos golpistas, hoje, um devido processo legal e assistência de advogados para se defenderem perante o STF.

Em 2021, governo federal minimizava a gravidade da Covid-19, promovia tratamentos ineficazes e ridicularizava as vítimas. Bolsonaro performava cruelmente para ridicularizar as vítimas da doença. No entanto, a denúncia da PGR mostra que esse comportamento não era apenas fruto de ignorância, mas parte de uma estratégia para deslegitimar o sofrimento alheio e preparar o terreno para medidas autoritárias.

Os brasileiros que sobreviveram à pandemia – e aos anos de desgoverno – tiveram a chance de ir às urnas em 2022 para honrar a memória daqueles que foram vítimas da negligência estatal. Muitos perderam pais, filhos, companheiros e amigos. Essas mortes não foram apenas números; foram vidas interrompidas por um governo que escolheu a omissão e o negacionismo.

Agora, o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) não é apenas sobre Bolsonaro e seus aliados golpistas. É sobre o direito de milhares de brasileiros de serem lembrados. É sobre garantir que nenhum governante possa novamente conspirar contra a democracia enquanto o povo sofre.

A Constituição de 1988 garantiu a todos – negros, brancos, pobres, ricos, LGBTQIA+ – o direito de opinar sobre os rumos do país. Mas milhões de brasileiros foram privados desse direito não pela lei, mas pela morte precoce causada pela crueldade e incompetência do governo Bolsonaro.

Hoje, aqueles que sobreviveram têm a obrigação de lutar para que a justiça prevaleça. Não apenas pela condenação dos responsáveis pelo golpe frustrado, mas para que nenhum outro governo ouse novamente brincar com a vida do povo.

O julgamento dos golpistas pelo STF não diz respeito apenas a lados políticos e à defesa da democracia, mas também ao direito que os milhares de brasileiros mortos têm de ser lembrados. É na memória dos pais, mães, filhos, parentes. companheiros, amigos ou vizinhos que hoje dizemos: nós temos amor ao próximo e não deixaremos que ninguém nos cale. Temos a força da memória e da resistência. Ainda estamos aqui.

 

Zeca Dirceu é deputado federal pelo PT do Paraná. Artigo transcritodo Le Monde Diplomatique-Brasil – https://diplomatique.org.br/

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