Minha Casa e D,Canô: Lula na cidade dos Veloso (por Vitor Hugo Soares)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à histórica cidade de Santo Amaro da Purificação
atualizado
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Com Salvador já tomada por foliões locais, nacionais e estrangeiros, “soltos na bagaceira” do carnaval, reprimida nos dois anos da pandemia Covid 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à histórica cidade de Santo Amaro da Purificação, Meca do Recôncavo Baiano no ciclo da cana de açúcar no Império e começo da da República – para retomar, na terça-feira,14, o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” e acertar uma paulada política e de gestão, na moleira do bolsonarismo. Na cidade da falecida amiga dona Canô, matriarca da família Veloso, de poderosa presença local, e atuação marcante na recente campanha eleitoral do terceiro governo Lula e primeiro do governador Jerônimo Rodrigues.
Comitiva federal digna de conto do genial escritor mexicano Juan Rulfo: o chefe da Casa Civil, Rui Costa, o senador Jaques Wagner e mais quatro ministros do primeiro time governamental na terra de Caetano Veloso, filho mais famoso do lugar, estrela de uma das mais celebradas e decisivas peças de marketing no recente embate nas urnas, vencido duplamente pelo PT na Bahia.
Fato político considerado “de arromba” por aliados, adversários e imprensa em geral, no relançamento do “Minha Casa, Minha Vida”, programa que Bolsonaro trocara de nome para “Casa Verde e Amarela”, e estava praticamente paralisado. Difícil imaginar combinação mais completa, para juntar agenda positiva nos primeiros 100 dias de governo, com reconhecimento e gratidão político e pessoal à família Veloso, como queria Lula. Tal qual planeja fazer, em 25 de abril próximo, quando viajará para participar dos festejos cívicos e democráticos da Revolução dos Cravos – que sepultou a ditadura salazarista na terra dos descobridores. O presidente já confirmou que participara também da cerimônia de entrega do Prêmio Camões (maior láurea da literatura de língua portuguesa) ao compositor, escritor e intérprete Chico Buarque de Holanda. Ato honroso de premiação literária, do qual o ultra direitista ex-presidente (agora abrigado na Flórida, EUA, recusou-se até a em seu governo. E que Chico, o vencedor, considerou “uma segunda premiação”.
Em Santo Amaro, Lula foi explicito no reconhecimento e no louvor, ao explicar a escolha do lugar para reativar o referencial programa social de seu governo, em razão de seu simbolismo histórico e da relevância artística e arquitetônica “de suas igrejas e terreiros com grande representatividade social”. E chegou ao ponto: “Várias vezes que eu vim aqui eu fui na casa da Dona Canô porque ela representava, na minha opinião, uma inteligência rara do povo baiano”, acrescentou sobre a matriarca que morreu aos 105 anos de idade em 2012.
Agora, mesmo com o barulho da folia em Salvador, se escuta o lamento de enciumados integrantes da frente democrática responsável pela recondução de Lula ao cume do poder, murmurando que a escolha da petista Santo Amaro da Purificação para a retomada de um dos programas sociais mais emblemáticos da gestão de volta ao mando nacional , além de homenagear dona Canô (em memória) e o clã dos Veloso, marca também a a primeira forte tentativa de retomada, pelo partido do presidente – em festa comemorativa de 43 anos de fundação – do domínio e comando das iniciativa políticas e istrativa do terceiro mandato de Lula, pelo PT. A conferir.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: [email protected]