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Espaço vital (por André Gustavo Stumpf)

Hitler justificava a necessidade de expandir a área do território alemão como “espaço vital

atualizado

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1 de 1 Tarump - Foto: Arte Metrópoles

A minha geração entendia que a época de um governante invadir outro país já tinha ado. Hitler justificava a necessidade de expandir a área do território alemão como “espaço vital”. Este argumento permitiu que ele anexasse a Áustria, parte da Tchecoslováquia e depois invadisse a Polônia e a União Soviética. Mas o que Putin faz hoje é algo semelhante: ele precisa anexar a Ucrânia, que segundo a versão oficial russa sequer existe, para criar um cordão sanitário ao redor de seu território. Ele pretende recriar o território da extinta União Soviética.

Trump quer anexar a Groelândia, o Canadá e o Canal do Panamá com o mesmo argumento. É necessário ampliar o espaço vital dos Estados Unidos para garantir a paz entre os países. Ou seja, de repente, o mundo regrediu décadas e voltou a frequentar os anos trinta do século ado quando as potências da época entraram em guerra. A guerra da Ucrânia lembra o conflito na Espanha, em 1936, quando comunistas e fascistas experimentaram suas armas em confronto direto. Foi a preliminar do que viria a seguir. Mas hoje a guerra é mais devastadora. A bomba atômica tem o poder de exterminar a vida no planeta Terra. Todos perdem. Então, mesmo com os mais tresloucados ditadores tendem a ter cautela, porque em caso de guerra ele vai perder. E provavelmente morrer.

A eterna questão que opõe palestinos a judeus há muito tempo deixou de ser religiosa. O estado de Israel tem expandido suas fronteiras ao longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo em que restringe o espaço de seus vizinhos constrangidos a viver numa área cercada por arame farpado, controlada por soldados e armas de guerra. Em nenhuma destas questões existe a perspectiva de paz duradoura. O forte quer se impor pelas armas. Grandes Impérios, a começar pelo Romano, cresceram, se desenvolveram e terminaram. A vida é finita em todas suas dimensões. A dos países também.

No forte discurso de Trump, no dia da libertação dos Estados Unidos, 2 de abril, ele insistiu que o país perdeu milhares de indústrias, milhões de empregos e bilhões de dólares por auxiliar países em todo o mundo. Ato contínuo decretou taxação recíproca em todos os países que fazem comércio com o maior mercado do mundo. O Brasil ganhou uma taxa de 10%. Os chineses vão pagar 34% para exportar para os Estados Unidos. Cada país tem uma taxa específica. O objetivo é que a grande indústria e a produzir dentro dos Estados Unidos, e ofereça, novamente, milhares de empregos, roubados na expressão dele, pelos países chamados amigos. É a nova face da guerra moderna. Tarifas.

O grande pretende esmagar o pequeno e não se conforma com a marcha do tempo. O que os especialistas anunciavam com alguma cautela está diante de todos: o colosso norte-americano balançou, acusou o golpe das empresas e empregos que abandonaram a meca do capitalismo para se aninhar em outras e melhores circunstâncias. É difícil para o empresário retornar ao mercado norte-americano onde a mão de obra é muito mais cara, os insumos não são baratos e agora há a imprevisibilidade do governante. É uma jogada arriscadíssima, que vai provocar elevação de preços internos e desorganização das cadeias de produção. O solavanco vai demorar e custar caro.

É o confronto moderno, limpo, sem sangue, mas capaz de produzir vítimas em vários cantos do mundo. Os norte-americanos, na palavra de seu presidente, perderam a vanguarda em diversos setores da indústria, como a produção de navios ou de produtos de grande tecnologia utilizados na indústria de informática. Muitas atividades se transferiram para China, Taiwan, Vietnã e outros países que constituíram o alvo prioritário do golpe de Trump. É um ataque feroz à industrialização dos países do antigo terceiro mundo e também dos antes chamados tigres asiáticos.

A questão econômica é óbvia. Haverá consequências na medida em que os afetados deverão retaliar. É razoável prever uma inflação global de bom tamanho. O que ainda não se pode prever, nem medir, são as consequências políticas, porque a tendência é que os nacionalismos em a ser valorizados e estimulados. Os países vão se fechar para se defender do ataque norte-americano. O ouro já se valorizou muito e deve se valorizar ainda mais. A moeda digital, ao contrário, caiu. Acabou a era de prosperidade do mundo ocidental. Os Estados Unidos querem retomar seu protagonismo, decidiram se fechar para demonstrar sua capacidade de influir nos destinos da humanidade. Para chegar a este resultado, além das sobretaxas, eles precisam dominar o Canadá, o Panamá e a Groelândia. É, de novo, a busca do espaço vital, cujas consequências todos conhecemos.

 

André Gustavo Stumpf, jornalista ([email protected])

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