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El Salvador é o “gulag” de Donald Trump (Por Amílcar Correia)

O caso de Kilmar Abrego Garcia é uma evidência de que nos EUA é possível prender seja quem for numa prisão num outro país

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1 de 1 imagem colorida de venezuelanos deportados - Metrópoles - Foto: Secretaria de Prensa de la Presidencia/Handout

George Sylvester Vierek era um imigrante alemão, cidadão dos EUA e agente nazi. A sua missão era clara: impedir que os EUA entrassem na Segunda Guerra Mundial e explorar o que os alemães designavam por “grãos de perturbação”. Viereck foi devidamente pago pela Alemanha nazi para espalhar a sua propaganda antissemita e isolacionista, segundo o mantra hitleriano: “A América para os americanos.”

O agente subornou para a sua causa congressistas e senadores, que faziam eco desta propaganda e a distribuíam usando os serviços postais do Congresso. Ao mesmo tempo, uma rede de agentes procurava as fissuras da sociedade norte-americana, para fazer com que os cidadãos desconfiassem uns dos outros e se odiassem, com base no princípio de que um país polarizado não seria capaz de “montar um esforço de guerra bem-sucedido na Europa”.

Rachel Maddow, em “América contra o Fascismo”, conta como, enquanto os nazis tentavam conquistar a Europa, agentes alemães operavam nos EUA, o governo de Hitler apoiava grupos de fascistas americanos que se armavam, membros do congresso facilitavam a propaganda das ideias nazis a uma escala nacional e como o Departamento de Justiça foi travado na sua tentativa de condenar os membros de uma conspiração que pretendia substituir a democracia por um regime autoritário baseado em Hitler.

Da conspiração faziam parte organizações com nomes como Camisas Prateadas, os Cruzados das Camisas Brancas, a comissão América Primeiro e entidades geridas por Vierek, como a comissão Fazer a Europa Pagar as Dívidas de Guerra.

Em comum tinham um discurso anticomunista e antissemita, a intenção de abolir os partidos e impor um sistema de partido único, abolir a liberdade de expressão, de imprensa, de reunião ou a “proibição da prisão sem causa”. A interferência do presidente Truman, em defesa de congressistas amigos, fez abortar o julgamento.

Oitenta anos depois da libertação de Auschwitz, os EUA confrontam-se com esse pesadelo, mas instalado dentro do próprio estado. Num dos seus últimos artigos de opinião no The New York Times, o ensaísta Thomas L. Friedman, judeu americano, recorda que o presidente continua a ser o mesmo “homem que, em 2017, defendeu os nacionalistas brancos e neonazista que protestaram em Charlottesville, Vírginia, como se fossem ‘algumas pessoas muito boas’ e que o vice-presidente “também apoiou o partido alemão AfD, simpatizante do nazismo e banalizador do Holocausto, cujos líderes pediram aos alemães que parassem de expiar os crimes nazis”.

Vierek gostaria de saber que, 80 depois da derrota nazi, a Academia Naval dos EUA retirou da sua biblioteca livros sobre antirracismo, mas deixou na estante o Mein Kampf.

Friedman faz o paralelo entre Donald Trump e Benjamin Netanyahu para concluir que ambos são aspirantes a autocratas, que cada um deles trabalha para minar o Estado de Direito e se afastam dos seus aliados democráticos tradicionais. “Cada um afirma a expansão territorial como um direito divino — ‘Do Golfo da América à Groelândia’ e ‘Da Cisjordânia a Gaza?’.” Ambos estão a abandonar a sua identidade enquanto regimes democráticos, em nome de um autoritarismo que exige fidelidade acéfala.

Trump e Netanyahu sentem-se impunes e sem obstáculos éticos ou judiciais, cuja independência recusam, como se constata pelas deportações de inocentes para El Salvador ou pelo assassinato de 15 paramédicos e socorristas no sul de Gaza.

Trump tem utilizado o antissemitismo como pretexto para expulsar imigrantes, por delitos de opinião, justificar um regime mais repressivo, atacar a independência das universidades e a liberdade de expressão. Na diabolização dos imigrantes, o presidente dos EUA acrescentou os hispânicos aos ativistas da causa palestiniana. Kilmar Abrego Garcia foi detido e enviado para uma prisão de alta segurança em El Salvador, apesar de não ter sido acusado ou condenado por qualquer crime, pela simples razão de que é de origem hispânica.

Embora o Supremo Tribunal tenha ordenado o seu regresso, a istração Trump recusa-se a corrigir o erro. Garcia não será caso único: cerca de 90% dos deportados (imigrante salvadorenho mostra que, nos EUA de hoje, é possível prender seja quem for numa prisão num outro país e alegar que nenhum tribunal federal tem autoridade para corrigir esses erros. Trump já tem o seu “gulag”. Quem se segue: palestinos para a Somália e afro-americanos para a Libéria?

Escreve Rachel Madow “um grande fator de atração do fascismo, se mais não houvesse, era a sua apologia descomplexada da crueldade. Crueldade para com os outros, associada à hipersensibilidade a qualquer desfeita a eles próprios”.

 

(Transcrito do PÚBLICO)

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