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A única coisa que podemos aprender com Trump (Por João Miguel Tavares)

Há um claro desejo de reclamar mais força para o poder executivo. E esse desejo não me parece tão despropositado assim

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Foto com cor. Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Metrópoles
1 de 1 Foto com cor. Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Metrópoles - Foto: via Getty Images

Sim, Donald Trump é um perigo ambulante, um narcisista descontrolado com pouquíssimo amor às regras da democracia e sem qualquer respeito pelas suas instituições. Já sabemos tudo isto de cor e salteado. Mas há um aspecto da sua governação a que convém prestar atenção, porque podemos aprender alguma coisa com ele. Estima-se que desde o início deste seu segundo mandato Donald Trump já tenha emitido cerca de 140 ordens executivas, entre questões de imigração, educação ou ambiente. É um recorde absoluto. Por um lado, Trump toma essa opção para fugir a possíveis bloqueios do congresso, e fazer o que lhe dá na real gana. Mas, por outro lado – e é esse o lado que me interessa discutir hoje aqui –, há um claro desejo de reclamar mais força para o poder executivo. E esse desejo não me parece tão despropositado assim. Vale a pena explicar porquê.

Uma das coisas que sempre me impressionaram quando ocasionalmente conversei com pessoas que é suposto terem poder – ministros, presidentes de câmaras, diretores de grandes instituições ligadas ao Estado – foi a enorme quantidade de queixas acerca daquilo que “não se consegue fazer”. Não porque a oposição o impedisse ou lhes faltasse apoio político, mas porque o “sistema” não deixava: as leis eram complexas, a regulação uma tortura, os serviços insuficientes, a burocracia infrene. Queriam fazer, mas não conseguiam. Este sentimento de impotência existe mesmo, e é muito significativo por parte de políticos eleitos. Eles jamais o item em público, para não fazerem figura de fraca gente, mas queixam-se abundantemente disso em privado.

Nos Estados Unidos, a-se o mesmo, ainda com maior intensidade. A oposição entre “Mainstreet” e “Wall Street”, de que tantas vezes ouvimos falar, deriva daqui: da existência de poderes fácticos que, segundo os mais descontentes, têm tornado praticamente inútil o voto – o poder está capturado pelo chamado “deep state”, e é este “Estado profundo”, obscuro e sem escrutínio, que a direita de Trump quer desmantelar (dizem eles). Sendo esse o objetivo, esta segunda vaga trumpista tem vindo a utilizar intensivamente uma táctica conhecida como “flood the zone” – “inundar a área” –, alegada criação do guru Steve Bannon, que consiste em avançar muito rapidamente contra aquilo que se quer derrubar, emitindo um vendaval de ordens executivas e de declarações altamente controversas. A ideia é que ninguém consiga acompanhar o ritmo: nem a oposição, nem os tribunais, nem a comunicação social, que são obrigados a escolher dez ou 20 lutas e indignações, e a deixar ar as outras 120 ou 130.

A estratégia é forte e é bruta, e, dada a falta de amor à democracia de Donald Trump, é também altamente perigosa. Mas ela corresponde a uma inquietação genuína. Quando Trump obtém 77 milhões de votos, nós achamos que há 77 milhões de americanos a concordar com as suas ideias. Pode não ser isso. Basta que concordem com ele numa única grande ideia: não querer que as coisas fiquem como estão. Não se trata, pois, de opor esquerda e direita, mas mudança e imobilidade. Muita gente não gosta de Trump, mas vê nele o político certo para que o poder executivo volte efetivamente a “executar”, sem ficar capturado numa rede de interesses subterrâneos com imenso poder, mas sem legitimidade democrática. Há aqui muita teoria de conspiração? Sim, há. Mas há também um fundo de verdade, que seria bom que os verdadeiros democratas começassem a levar a sério.

 

(Transcrito do PÚBLICO)

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