A inutilidade (?) dos nossos dirigentes (por Eduardo Silva)
A estrutura da nossa representação política está podre – e não me refiro apenas ao Brasil
atualizado
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Mesmo sem pesquisa de campo, é intuitivo que quase 100% das pessoas concordam que os maiores problemas da humanidade são pobreza, guerras, criminalidade (inclusive corrupção), destruição da biosfera e opressão de minorias. Claro, há outros, mas, no geral, concorda-se quanto a estes. A capacidade tecnológica do mundo atual é plenamente suficiente para eliminar todos eles, rapidamente. Se isso não ocorre é sinal da inutilidade dos nossos dirigentes?
Na realidade, nossos dirigentes optam por serem úteis aos que os tornaram dirigentes; por isso são inúteis ou mesmo contraproducentes para as pessoas em geral. Ou seja, defendem aqueles que financiaram e deram e às suas trajetórias até o poder, muito antes e apesar das eleições, onde as há. É exatamente por assim preferirem que se tornam, pior que inúteis, danosos para a quase totalidade dos humanos.
Um exemplo, entre muitos: em 2021, mais de 140 dirigentes mundiais prometeram zerar o desmatamento até 2030. No entanto, em 2024 a perda de florestas alcançou, globalmente, 6,7 milhões de hectares, ou 67.000km2! É uma cifra opaca, pois quem consegue visualizar, num mapa, a extensão de tal área? Para maior clareza devemos torná-la de mais fácil visualização.
Essa área desmatada, no ano de 2024, foi equivalente a um quadrado de 260km de lado! Trata-se de um território 11,5 vezes maior que o nosso Distrito Federal, que tem 5,8mil km2. Agora, pegue o mapa do Brasil, multiplique a área do DF por 11,5 e veja o tamanho do estrago em apenas um ano!
Grande parte dessa perda foi causada por incêndios, em razão das mudanças climáticas que tornam o clima mais quente e seco. Logo, a tendência é de aceleração da perda de florestas; agora, pergunte-se como viverão seus filhos e netos num planeta sem cobertura florestal.
Como podem ser chamados “líderes” aqueles dirigentes que permitem tanto dano à nossa única casa? Não é melhor reconhecer que são úteis apenas para aquele pequeno grupo que os ajudou a galgar a escorregadia e perigosa escalada rumo ao cume, ascensão esta muitas vezes mediante recurso a crimes os mais variados, desde sonegação fiscal à corrupção a assassinatos e compra de magistrados? Não são tais dirigentes inúteis para as ditas “pessoas comuns”? Ou seria melhor chamá-los danosos?
Chamar essas pessoas de “líderes” é falsear a realidade, assim como empresas petrolíferas fazem ao dizer que “produzem” petróleo, quando apenas o extraem.
Como os demais problemas acima citados, esses dirigentes têm sido incapazes de reduzir a pobreza, pois ainda hoje 80% dos humanos sobrevivem com menos de US$10,00/dia!
Assim, para o grosso da humanidade, esses dirigentes são piores que inúteis, são gravosos. E ainda elevam gastos militares pagam – com nosso dinheiro! – marqueteiros para dizerem que são ótimos governantes!
A estrutura da nossa representação política está podre – e não me refiro apenas ao Brasil! É enorme a dimensão das mudanças de que necessitamos para voltarmos a ter chance de construir um bom futuro comum!