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A democracia pode estar morrendo (por Roberto Brant)

Se a democracia morrer na América, poderá sobreviver em outros lugares?

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STF Trump toma posse para seu segundo mandato como 47º presidente dos Estados Unidos - Metrópoles
1 de 1 STF Trump toma posse para seu segundo mandato como 47º presidente dos Estados Unidos - Metrópoles - Foto: Julia Demaree Nikhinson – Pool/Getty Images

A democracia tem estado em crise em toda a parte. As causas dessa crise não são superficiais. São de duas naturezas, uma fiscal e outra relacionada à forma que a vida cívica tomou com o advento das redes sociais.

A democracia, com a exceção dos Estados Unidos, é uma forma de governo que só se tornou dominante há pouco tempo. Os Estados Unidos, desde sua independência da Inglaterra, há 250 anos, escolheu ser uma república democrática e manteve suas instituições basicamente inalteradas todo esse tempo, apesar de uma guerra civil e de uma grande depressão econômica. Foi, sem dúvida, o território onde a democracia fincou mais fundo suas raízes.

Nos demais países a democracia sempre viveu altos e baixos, sendo muitas vezes interrompida por regimes autocráticos, brutais e selvagens, seja na Europa, no restante das Américas e na Ásia. O momento de ouro dessas democracias começou há meros 75 anos, logo após a Segunda Guerra. Logo que se recuperaram dos efeitos da guerra, a maioria das nações do lado ocidental experimentou um longo período de crescimento, que financiou o chamado estado do bem-estar social, com a expansão das proteções sociais na saúde, na educação e na previdência. Como diziam os americanos: nada sucede tão bem quanto o sucesso.

Os governos acabaram se excedendo e em toda a parte o dinheiro público tornou-se escasso e os impostos não davam mais conta das despesas. Os governos então começaram a se endividar até que num certo ponto o próprio endividamento ou dos limites.

Com a necessidade de cortar despesas e benefícios para equilibrar suas contas, os governos democráticos começaram a perder a lealdade dos eleitores. Com o fim do dinheiro público fácil o Estado do bem-estar começou a fazer água e a democracia deixou de ser a unanimidade que fora até então.

Neste mesmo momento a evolução das tecnologias da informação propiciou a criação das redes sociais, que mudaram radicalmente a forma como as pessoas se relacionam entre si, se relacionam com a autoridade política e como am informações e opiniões. Em lugar da mediação dos partidos surgiram as plataformas que capturam e istram, quando não manipulam, a atenção das pessoas. Hoje a substância fundamental do poder político não é mais a política, mas o domínio da atenção, na frase do jornalista americano Ezra Klein.

Neste mundo tudo pode acontecer. Não há mais lealdade a valores, normas ou até mesmo visões mais amplas do mundo. Tudo fica reduzido a emoções superficiais e a vida política se transfere para as mãos impessoais da tecnologia e de seus czares.

Este novo estado de coisas já estava mudando a política na Europa e na América Latina. Agora chegou aos Estados Unidos com toda a força da sua irracionalidade, rompendo a última das defesas com que ainda contava a democracia.

Com o apagamento da política e dos partidos, abriu-se o caminho para a aventura do poder pessoal, que dialoga com os instintos mais primitivos das pessoas. Neste clima nasceu o novo governo Trump. Sua meta explícita é a desconstrução das instituições da democracia americana, as mesmas que duraram mais de dois séculos e trouxeram o país até aqui, como a nação mais rica, mais poderosa e mais criativa da terra. Apesar de todas as evidências, Trump e suas redes convenceram a metade dos americanos que essas instituições levaram o país ao declínio e à desordem, realidades puramente imaginárias, e prometeu a eles uma era de ouro.

Para coroar a obra desconstrutiva, proclamou a hostilidade aos estrangeiros e a todos os outros países, dizendo a aliados e adversários que a América agora estará sempre em primeiro lugar e acima de todos, prometendo pôr fim à ordem internacional baseada em regras, que os próprios Estados Unidos ajudaram a construir. Quem vai querer relacionar-se com este país, senão para fugir dele, evitá-lo e procurar uma alternativa possível?

A democracia americana está por um fio. Se a democracia morrer na América, poderá sobreviver em outros lugares? Estaremos também condenados ao mesmo destino?

 

Roberto Brant, ex-ministro da Previdência Social do governo Fernando Henrique Cardoso

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